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ajuste no câmbio

Mantega defende ação cambial contra especulação

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que o País necessita de um ajuste no câmbio. Segundo ele, as políticas monetárias expansionistas dos países avançados têm levado grandes fluxos de capitais para os países emergentes, como o Brasil. Ele destacou que os investimentos estrangeiros diretos são bem-vindos, mas alertou que parte destes recursos que chega ao País é para especulação e arbitragem.

"Nós temos que ter uma ação cambial forte para impedir que o Brasil seja inundado por estes capitais especulativos. Tem que ser contido. Este capital causa problema não só com a valorização do real, mas também alimenta a guerra cambial", afirmou. Mantega disse que há países que vivem de câmbio manipulado e, por isso, têm vantagens no comércio com o Brasil. Ele afirmou que a valorização excessiva do real transformaria o Brasil em exportador apenas de commodities e traria a "doença holandesa", com a atrofia do setor manufatureiro. "Isso não será permitido", afirmou.

O ministro disse que as ações do governo também são para evitar a formação de bolhas na economia brasileira, que quando estouram criam problemas. "Algumas empresas se endividam muito em dólar, e se, amanhã, tem reversão na cotação do dólar, que é flutuante no Brasil, haverá empresas com problemas, assim como tivemos com os derivativos. Não vamos permitir esse excesso em exposição cambial", disse.

Segundo Mantega, o câmbio estaria abaixo de R$ 1,40 se não fossem as medidas já adotadas pelo governo. "O câmbio não está no ideal, mas estaria abaixo se não tivéssemos tomados estas medidas", completou. Em termos reais, o real está 35% valorizado desde 1994 em relação a uma cesta de moedas. Mantega disse que a valorização do real reflete mudanças nos fundamentos da economia brasileira, que são sólidos atualmente. "Por isso, a tendência é de valorização", afirmou.

Inflação

Mantega afirmou ainda que o governo tomará todas as medidas necessárias para conter a inflação. "Mesmo que o foco principal da inflação seja gerado fora do País, temos uma economia aquecida com alguns focos internos, como serviços. Por isso, temos que evitar que a inflação contagie outros setores da economia", afirmou.

Segundo Mantega, o governo usará todas as armas disponíveis para evitar que produtores passem adiante a inflação do passado, criando um "círculo vicioso". "São várias armas para impedir que haja essa indexação da economia brasileira", acrescentou.

Entre as estratégias na luta contra a inflação, o ministro destacou o potencial agrícola brasileiro, o corte de gastos do governo e as medidas que vêm sendo adotadas para moderar o crédito e o consumo no País. "Moderar a demanda não significa matar a demanda, que é o privilégio que o Brasil tem sobre os outros países. Queremos amenizar para que ela seja compatível com crescimento de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto)", concluiu.

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