O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira considerar ``inadequado'' impor um controle de capitais no país, conforme sugestão apresentada por afiliados do PT, incluindo o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais).
``Para o atual sistema financeiro é inadequado você fazer esse controle porque onde se verificam os movimentos, as operações cambiais, não é mais no mercado à vista, é no mercado futuro. E no mercado futuro não entra nada, o capital físico não entra, você faz uma operação em reais'', afirmou Mantega a jornalistas ao deixar o prédio do ministério.
Em nota intitulada ``Mensagem ao Partido'', publicada no site do Partido dos Trabalhadores nesta quinta-feira, 217 signatários defenderam ``um novo padrão de gestão monetária e cambial pelo Banco Central'', com o ``controle da entrada e saída do capital de curto prazo''.
``Não adianta, você pode fechar as portas, fazer restrições e não terá o resultado esperado'', disse Mantega. ``Você faz uma restrição à entrada de capital estrangeiro, você paga o preço disso, porque evidentemente isso tem um custo, e ao mesmo tempo não ganha nada com isso.''
O ministro acrescentou que a continuidade da redução da taxa de juro é que fará diminuir o fluxo de recursos para o país.
Questionado se, para reduzir a pressão sobre o câmbio, o governo cogita ampliar o volume de receitas que os exportadores podem deixar de trazer para o país, Mantega negou.
Segundo o ministro, os exportadores não têm sequer utilizado a margem de 30 por cento de receitas que já pode ser deixada no exterior. ``Eles trazem dólares para o Brasil porque aplicar em real dá mais do que aplicar em dólar... Então, nesse caso também os juros atrapalham um pouco a eficiência desse instrumento.''
Mantega defendeu ainda o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), rechaçando críticas feitas pela Confederação Nacional da Indústria.
REUNIÃO DO G7
A assessoria do ministro informou que, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mantega não irá à reunião de ministros de Finanças do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) que começa nesta sexta-feira, na Alemanha.
O Brasil, convidado a participar do evento junto com outros países em desenvolvimento como a Índia, será representado pelo secretário de Assuntos Internacionais do ministério, Luiz Eduardo Melin.