Brasília A cotação do dólar no fechamento dos negócios de ontem foi a menor desde o dia 31 de janeiro de 2001. A moeda recuou 1,34% e fechou valendo R$ 1,982. O dólar negociado à vista no pregão viva-voz da Bolsa de Mercadorias & Futuros cedeu 1,39%, para R$ 1,981.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo não adotará nenhuma medida artificial para conter a valorização do real frente ao dólar. "O governo brasileiro não vai suprimir o regime de câmbio flutuante. A gente não se mete em aventura, não vamos fazer âncora cambial. O regime está adequado", afirmou o ministro.
Mantega disse que tem procurado explicar que o problema da desvalorização do dólar é uma situação internacional. Segundo ele, há um conjunto de países emergentes que estão sólidos e são atraentes para investimentos, principalmente em dólar. "O problema é que o dólar está se desvalorizando porque a economia americana não está crescendo adequadamente e estas outras economias oferecem condições melhores", analisou.
Segundo ele, o real continua estável em relação a outras moedas, como o euro. Mantega destacou, no entanto, que, como o câmbio é flutuante, o dólar caiu abaixo de R$ 2,00, mas pode voltar. "Não há nada que impeça que ele volte a subir."
Para Mantega, o mercado consumidor brasileiro está crescendo a taxas chinesas. Ele citou como exemplo a venda de veículos. "O que interessa é o resultado final, se vai ter lucro ou não. O empresário tem como alternativa tanto o mercado externo como o interno, coisa que outros países não têm."
Distorções
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse que "o BC intervém sempre que acha que existam distorções de preço e visa também corrigir excessos". Meirelles reafirmou que o banco não tem uma meta para a taxa de câmbio. "Não permitiremos que haja excesso dos mercados ou que as cotações (do câmbio) se distanciem muito daquelas indicadas pelos fundamentos da economia", disse.
O presidente do BC acrescentou que a instituição tem um objetivo de acumulação de reservas "que tem se mostrado extremamente útil e valioso". De acordo com ele, as reservas aumentam a resistência da economia a choques e diminuem o custo de captação do país e das empresas brasileiras.
Ele afirmou também que o desejo de que os juros caiam "é de todos e está se concretizando". "O importante é que nós persistamos na política de manter a inflação na meta e manter todos os demais indicadores econômicos na direção correta", disse.
O presidente Lula afirmou, em entrevista coletiva à imprensa, que "o dólar vai se ajustar na medida em que houver importação de bens de capital". Segundo o presidente, "o governo fará a sua parte (para conter a valorização do real), mas não há mágica".