O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira que suas declarações sobre o cumprimento da meta de inflação pelo Banco Central foram mal interpretadas. Ao participar de reunião no Senado na última terça-feira, Mantega afirmou que o BC deve perseguir o centro da meta (4,5%), e não outro número, o que acabou sendo considerado uma cobrança por uma queda maior nas taxas de juros. Mas, segundo o ministro, não houve crítica. Ele disse que apenas lembrou que a meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e deve orientar a condução da política monetária no Brasil.
- Algumas declarações minhas foram mal interpretadas. O que eu disse ontem (terça-feira) é que o BC deve perseguir o centro da meta. Aliás, estou chovendo no molhado porque isso é o que dispõe a legislação sobre esse aspecto. O que eu quis dizer foi que o BC deve perseguir essa meta porque ela foi fixada pelo governo e pelo CMN como a meta que permite ao mesmo tempo conciliar uma inflação sob controle e um crescimento maior da economia - disse o ministro.
O conservadorismo do BC ao decidir os juros tem feito com que a inflação fique bem abaixo da meta. O IPCA em 12 meses, por exemplo, já está em 3,02%. Mantega, que defendeu no Congresso uma inflação no mesmo patamar que o crescimento da economia, disse ainda que isso não significa menos rigor por parte do governo. Segundo ele, é preciso encontrar um equilíbrio entre esses indicadores.
- O ideal seria que nós no Brasil conseguíssemos ter uma inflação suíça, que é hoje de 1%, e um crescimento chinês. É claro que é difícil fazê-lo. Então, é preciso que inflação e crescimento estejam mais equilibrados. Eu não sou a favor de uma inflação maior, sou a favor de uma inflação sob controle. Se nós conseguirmos ter um crescimento maior com inflação menor é o desejável, é o melhor dos mundos.
Para ministro, rigor excessivo prejudica crescimento
Mantega, no entanto, deixou claro que o rigor excessivo com a inflação pode ter custos para o crescimento:
- O que nós não podemos é perseguir uma inflação menor, que sacrifique o crescimento. Tem gente que gostaria de ter uma inflação de 2% no Brasil.
O ministro defendeu ainda a manutenção da meta de inflação em 4,5% nos próximos anos. Ao ouvir que alguns analistas defendem uma meta menor, ele disse:
- Tem gente que acha isso. Eu não acho. Eu acho que nós devemos continuar com 4,5%. Se a gente conseguir 4%, o importante é essa conciliação. O que não dá é, como se fazia no passado, que você ambicionava uma inflação muito baixa e nem conseguia fazer a inflação baixa e nem conseguia o crescimento. Nós já tivemos centro da meta de 3%. Depois, tinha que ser revisada.
Ao ser perguntado se teria recuado sobre as declarações feitas no Congresso, Mantega explicou:
- Não estou recuando. É que alguns jornais deturparam aquilo que eu falei. Eu estou esclarecendo isso para não deixar dúvidas a respeito das minhas posições.
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