O dólar norte-americano relativamente fraco tem afetado a economia do Brasil e uma potencial revalorização do yuan ante o dólar poderia ajudar a estabilizar as moedas globais, disse hoje o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Os comentários de Mantega foram feitos dias antes das reuniões do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), nas quais a crise de dívida soberana da Europa e as reformas em andamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) devem dominar os debates, de acordo com o ministro brasileiro. A política chinesa para o yuan também deve integrar a agenda do G-20.
"O problema não é o yuan, mas o dólar", disse Mantega em uma entrevista. "Os Estados Unidos estão mantendo o dólar fraco para ajudar seu setor de exportação. E a China não quer ser menos competitiva". O fato de o yuan estar atrelado ao dólar exacerbou essa condição, disse. "O Brasil foi a maior vítima do dólar fraco", acrescentou Mantega. O dólar está sendo comercializado ao redor de R$ 1,84, depois de atingir mínima recente de R$ 1 7230, mais ainda significativamente abaixo do pico de R$ 2,6200 de dezembro de 2008.
O ministro, que está em Xangai para uma conferência de investimentos, também afirmou que as reuniões do G-20 poderiam ajudar a União Europeia a acelerar a implementação de seu pacote de estabilização e renovar a confiança na dívida soberana da zona do euro (grupo dos 16 países que adotam a moeda única). Ele afirmou que o pacote europeu de quase US$ 1 trilhão é grande o suficiente para frear a crise na dívida do continente, mas que sua implementação tem sido "um pouco lenta" para atingir os efeitos desejados. "É um pacote forte, mas seu sucesso dependeria da velocidade de sua implementação", disse Mantega.
Mantega está programado para ir a Busan, na Coreia do Sul, no final da semana, onde ministros de finanças e dirigentes dos bancos centrais das nações do G-20 vão se reunir na sexta-feira e no sábado para delinear as recomendações finais para o encontro de líderes do G-20 em Toronto, em 26 e 27 de junho. Os quatro países em desenvolvimento mais proeminentes - Brasil, Rússia, Índia e China - também planejam se reunir antes do encontro de finanças do G-20, esta semana, segundo Joel Sampaio, vice-cônsul do Brasil em Xangai.
Mantega afirmou que espera um aumento significativo, nos próximos anos, dos investimentos da China no Brasil, alcançando os setores de manufatura e de serviços. Atualmente, a maior parte dos investimentos chineses está nas indústrias de mineração e energia. Ele afirmou que incentiva as companhias chinesas qualificadas a investir em projetos de infraestrutura do País. "Nossas transações bilaterais cresceram mais de dez vezes nos últimos dez anos", disse ele. "Agora esperamos que os investimentos diretos comecem a crescer rapidamente também".