O famoso jeitinho brasileiro já chegou à condução da política econômica do país, criticou ontem o blog "beyondbrics", do jornal britânico Financial Times. Segundo o site, o ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, estão se tornando "profissionais do jeitinho", ainda que dentro da esfera legal, com o cenário de crescimento do país ainda lento e a inflação avançando mais do que o esperado.
A publicação acusa Tombini de adicionar estímulo à economia sem ter de reduzir a taxa básica de juros, ao deixar que cresça a diferença entre as taxas Selic e DI.
Mantega, por sua vez, estaria usando o jeitinho para driblar a inflação. O pedido do governo federal aos governos de Rio e São Paulo para que segurem os aumentos das tarifas de transporte público para evitar a alta de preços no início do ano é um dos exemplos citados pelo FT.
Mantega já seria um expert em jeitinho, destaca a publicação. E teria usado de criatividade também para cumprir as metas fiscais. O blog lembrou algumas da série de manobras feitas pelo governo para cumprir a meta de superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos no país), entre elas, o abatimento dos investimentos realizados no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e o resgate de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano do Brasil.
O site reconhece que essas medidas não vão contra a lei tampouco são feitas exclusivamente no Brasil, mas defende que o mercado espera ações mais responsáveis. O FT já havia criticado anteriormente a manipulação de indicadores fiscais no país.