O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reúne-se na próxima semana com as diretorias de duas das principais agências de classificação de risco em Nova York em um esforço para convencê-las de que os bons fundamentos da economia brasileira justificam uma elevação da nota dada ao país.
Técnicos do governo estão em contato permanente com as agências, mas a ida de um ministro às sedes dessas instituições é uma oportunidade para o país dar um sinal político de seu compromisso com a responsabilidade macroeconômica, afirmou uma fonte do governo acostumada a lidar com as agências.
Como os ministros são tradicionalmente recebidos pela diretoria das agências, a reunião também cria condições para que o diretor responsável pelo Brasil exponha a todo o grupo avaliações sobre o país, o que pode ser favorável.
O Brasil está a dois degraus do almejado grau de investimento, classificação que dá um selo de garantia à dívida junto a investidores e é condição 'sine qua non' para que diversos fundos de estrangeiros apliquem em títulos do país.
O clima no governo é de otimismo com relação à perspectiva de elevação da nota, apesar do tom bem mais moderado dos representantes das agências.
A presidente da Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes, afirmou em entrevista à Reuters, no início deste mês, ser "impossível" a elevação da dívida em moeda estrangeira do país para grau de investimento ainda neste ano.
Poucos dias antes, o secretário do Tesouro, Tarcísio Godoy, anunciou que já tinha uma garrafa de champagne na geladeira para comemorar a conquista.
"As agências são muito mais otimistas em relação a essa possibilidade quando conversam conosco em reservado", afirmou a fonte do governo, que pediu para não ser identificada. "É o papel delas evitar o clima de euforia, achamos natural."
A recente reavaliação da metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), que mostrou que o crescimento brasileiro foi maior do que o inicialmente calculado nos últimos anos, melhorou indicadores do país, o que fez aumentar internamente a expectativa com relação à classificação.
Com os novos números, a relação dívida/PIB, considerada a principal fragilidade do país, teve uma queda significativa. Em janeiro, o endividamento recuou para 44,6 por cento do PIB, ante cálculo anterior de 49,7 por cento.
O governo também aponta para dados mostrando a redução da vulnerabilidade externa do país resultante do acúmulo de reservas e da redução do endividamento em dólar.
A S&P e a Fitch -outra agência de classificação - já afirmaram, no entanto, que o endividamento brasileiro ainda assim é elevado quando comparado a outros países com a mesma avaliação de risco.
Ambas as agências classificam o Brasil atualmente como "BB", com perspectiva positiva. O país precisa ser elevado para "BB+" antes de chegar ao "BBB-", que é a nota mais baixa dentro da faixa já considerada grau de investimento.