O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta sexta-feira (10) que o Brasil tenha intenção em ajudar Portugal com a compra de títulos da dívida pública portuguesa. Na quinta-feira, em Brasília, Mantega recebeu o ministro das Finanças de Portugal, Fernando Teixeira dos Santos, que confirmou, em entrevista à imprensa após o encontro, a possibilidade de ajuda do Brasil ao governo de Portugal.
"Na verdade, Portugal tem vários interesses com o Brasil. Nós temos uma relação intensa na área de investimentos; tem várias empresas portuguesas que atuam em conjunto e também ele (o ministro português) tocou nessa questão dos títulos portugueses" disse Mantega, emendando que fez ponderações ao ministro português sobre as dificuldades que o Brasil teria para ajudar. "Disse que quem é responsável pela aplicação de reservas brasileiras é o Banco Central, com quem ele tem de conversar. E o BC tem critérios para locação de investimentos. E ele só pode aplicar (em títulos) com determinado rating, e eu encaminhei para o BC", disse Mantega, ao relatar a reunião que teve com o ministro português.
Mantega acrescentou que disse ao ministro de Portugal que o problema de alguns países europeus é "uma questão relacionada ao euro", e não apenas relacionado às nações. "Eu disse a ele que o euro está em crise e que as soluções devem ser dadas de forma sistêmica. Não pode ser uma solução para um país, depois para outro país, porque não resolve o problema global", disse. O ministro avaliou ainda que os países europeus vivem uma crise de confiança, um desdobramento, segundo ele, da crise financeira mundial, que não teria sido resolvida.
"Alguns países, como Portugal, estão fazendo o que é correto. Estão cortando despesas, fazendo reformas e se esforçando para ter mais competitividade", considerou. "Mas eles vivem um problema de desconfiança. Esse problema pode ser resolvido em nível de União Europeia", afirmou. Na avaliação de Mantega, quem tem de resolver o problema são os países da União Europeia, com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do G-20. De acordo com ele, devem ser tomadas medidas preventivas, como a oferta de crédito. "Para que esses países possam ter em suas carteiras créditos disponíveis."
Mantega afirmou que, quando se tem crédito, não há ameaça de insolvência de países. Mantega disse que se comprometeu a ligar para o presidente do Banco Central Europeu (BCE), para o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), e para várias autoridades para sugerir que se produzam linhas de crédito", disse.
Mantega participou hoje de almoço, em São Paulo, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).