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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou relativizar o fraco desempenho da economia brasileira no segundo trimestre, e insistiu que o desempenho na segunda metade do ano será suficiente para garantir uma expansão mais forte do país no ano.

- Estes números desanimadores foram apenas concentrados no segundo trimestre e nós já estamos com a economia aquecida no terceiro trimestre - afirmou o ministro em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo.

Segundo o ministro, as vendas de veículos no país em agosto aceleraram e atingiram 178 mil unidades, o que seria um indicador de crescimento econômico superior ao do trimestre passado.

-Isso significa que a economia já está num ritmo de crescimento, crescimento que eu acredito poderá chegar a 4% até o final do ano - insistiu o ministro.[Montadora] A Anfavea, entidade que representa as montadoras no país, divulga nesta tarde o fechamento de vendas e outros dados de desempenho do setor em agosto.

Apesar de reconhecer que para alcançar a taxa de expansão desejada, a economia teria que crescer no mínimo 5,5% no segundo semestre do ano, ainda assim Mantega se mostra confiante.

- É perfeitamente possível porque nós temos um mercado interno aquecido a partir da massa salarial crescente, a partir do crédito - disse o ministro, lembrando dados divulgados na semana passada que mostraram um avanço no consumo das famílias e do governo.

A desaceleração dos investimentos entre abril e junho também foi minimizada por Mantega.

- De fato houve uma queda no investimento localizada neste período. Em compensação, se você pegar o primeiro trimestre...tinha tido uma expansão excepcional do investimento. É um trimestre pelo outro. Isso não se dá com essa regularidade - ponderou.

Revisão

Depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou na semana passada que o PIB brasileiro cresceu apenas 0,5% no segundo trimestre, analistas reduziram suas projeções para a taxa de expansão anual. Levantamento divulgado na segunda-feira pelo Banco Central, mostrou que os economistas esperam um crescimento de 3,2% para a economia este ano, contra os 3,5% anteriores.

Mantega acredita que essa projeção será elevada novamente, assim que os dados do terceiro trimestre confirmarem a recuperação no ritmo de atividade do país.

- Depois que tivermos o terceiro trimestre você vai ver, vão revisar novamente as projeções para cima do que estão fazendo hoje.

O ministro também se mostrou confiante na redução dos custos de crédito no país a partir de medidas que serão discutidas nesta tarde pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Segundo Mantega, questões como o cadastro positivo do Banco Central tendem a reduzir os juros cobrados pelos bancos dos tomadores de empréstimos.

- Agora você vai poder observar o correntista que se comporta bem, que pagou sempre em dia, e este poderá receber uma taxa de juros menor e isso vai reduzir o custo do crédito no país - ponderou.

Na entrevista, o ministro evitou dar detalhes sobre a questão do pacote de incentivos ao setor de semicondutores no país. Mantega apenas reafirmou que o governo dará benefícios fiscais e que isso não representa uma perda de arrecadação.

- Semicondutores é um setor novo que não está implantado no país. Não é que você está diminuindo arrecadação... você está dando um benefício fiscal para um setor se implantar. Isso é comum em vários países - disse o ministro.

No início de agosto, o secretário de Política Econômica da Fazenda, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, chegou a dizer que "nem que o governo arriasse as calças" seria possível conceder incentivos fiscais para o setor de semicondutores.

Para Mantega, seu adjunto estava "nervoso" ao fazer o comentário. "As calças do governo continuam intactas, o governo não costuma arriar as calças", disse.

Nessa segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, também havia mantido a previsão de alta de 4% para o PIB de 2006 .

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