O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, nesta quinta-feira (30), que o problema da exposição de empresas ao mercado de derivativos "está em vias de ser superado". "Acho que todas elas estão liquidando suas posições", disse o ministro, em sua exposição na audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Segundo o ministro, algumas empresas, entre elas exportadoras, costumam entrar no mercado de derivativos para fazer hedge (proteção), mas, em alguns casos, também "para fazer apostas em mudanças de câmbio". "Quando o real se desvalorizou, isso causou prejuízos para algumas empresas, com necessidade de cobertura de margem na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros)", afirmou. Para ele, as companhias que sofreram com esse problema tornaram o assunto público e já estão cobrindo suas posições. "São empresas sólidas e o problema foi pontual".
Bancos
O ministro da Fazenda afirmou que o esforço do governo para superar o problema de liquidez do sistema financeiro brasileiro já está surtindo efeito. "Percebemos que estamos resolvendo o problema de liquidez. O sistema bancário está respirando mais", disse o ministro, que também notou uma melhora nas condições de liquidez no sistema financeiro internacional. "As medidas estão aliviando a liquidez dos bancos", disse.
Mantega também destacou o papel dos bancos públicos no atual momento de crise. Segundo ele, essas instituições estão atuando no sentido de colocar o dinheiro para circular, ajudando a resolver o problema de falta de liquidez. "Não estamos fazendo favor ao setor privado. O BC vai ter lucro".
Crise
O ministro da Fazenda voltou a adotar um discurso um pouco mais otimista em relação à crise financeira internacional. Segundo o Mantega, as perspectivas são de que a crise ainda vai ter uma longa duração, mas não necessariamente com essa fase aguda que se encontra nesse momento. Ele ponderou, no entanto, que não se trata de ser uma fase com menos gravidade. "O sistema dá sinais de que começa a funcionar", disse.
O ministro ponderou que, num primeiro momento, a crise, que começou em agosto de 2007, afetou mais os países desenvolvidos. Mas, na segunda fase, mudou a sua qualidade e se aprofundou. "Os maiores bancos do planeta foram afetados", disse. Ele disse que a crise de liquidez se transformou numa crise de solvência e depois de confiança, nessa segunda fase.
Banco Central
Ao destacar as ações do governo para superar a crise, Mantega também enfatizou a atuação do Banco Central no mercado de câmbio. Ele deu especial ênfase ao fato de a autoridade monetária ter assumido posição vendedora no mercado futuro de dólar por meio de operações de swap cambial. Segundo ele, com essas operações, o BC não está fazendo favor nenhum ao mercado, mas sim realizando lucros com as operações de swap reverso, em que a autoridade monetária assumiu a posição comprada em dólar em boa parte quando a taxa estava em R$ 1,60 e R$ 1,55. Segundo ele, a posição comprada do BC era de "US$ 23 bilhões ou US$ 24 bilhões".
Mantega destacou também que o Brasil passou a pior fase da crise - os meses de setembro e outubro - mantendo US$ 200 bilhões de reservas cambiais, mesmo com os leilões de dólares que o BC vem fazendo no mercado à vista. O ministro afirmou que as reservas dão mais conforto e permitem enfrentar um ataque "à nossa moeda".