Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou ontem que não pensa em cobrar Impostos sobre Operações Financeiras (IOF) de capitais estrangeiros no Brasil. Segundo ele, outras áreas do governo podem especular a respeito, mas o poder de decisão é do Ministério da Fazenda. Esta semana, o secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, disse que havia um debate dentro do governo sobre o momento de colocar IOF nessas transações.
Mantega disse achar que não há um fluxo de capital estrangeiro que justifique a taxação. Ele lembrou que, no ano passado, o governo adotou uma alíquota de 1,5% de IOF para a renda fixa porque havia um fluxo exagerado que atrapalhava a economia. "Agora, estamos falando de um fluxo no mercado de capitais, na bolsa, e de um fluxo de investimentos", destacou, durante entrevista após a solenidade de balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ministro avaliou que existem também algumas empresas brasileiras que não estavam conseguindo captar no exterior e que, agora, voltaram a captar e estão internalizando os recursos "Então, não é uma questão especulativa. Não é uma questão negativa", disse.
Ele, no entanto, admitiu que o câmbio valorizado no Brasil o preocupa, mas afirmou que não adianta tomar medidas inadequadas que não resolvem o problema.
Ao ser questionado sobre o que poderia ser feito para conter essa valorização do real, o ministro disse que o governo ainda está pensando em soluções. Mas destacou que ainda é "muito cedo" para alguma medida. "Você pode não estar diante de um fluxo permanente. É quase um desafogo da economia internacional que ficou reprimida por causa da crise e que agora está voltando. Então, eu acho que houve uma euforia que pode ser passageira e que, de repente, os investidores deixaram aplicação segura e pouco rentável do dólar e estão pensando em outras alternativas."