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Mantida vacinação contra aftosa

Marco Teixeira Pinto, da Secretaria da Agricultura: estado só cumpriu duas exigências | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Marco Teixeira Pinto, da Secretaria da Agricultura: estado só cumpriu duas exigências (Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo)

Salários abaixo da média do mercado minaram a primeira tentativa do Paraná de se tornar uma zona livre de febre aftosa sem vacinação. A melhora do status sanitário, solicitado pelo estado ao governo federal em março, ficará para 2011. Em reunião realizada ontem em Curitiba, o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) decidiu manter a segunda etapa da campanha de vacinação, em novembro. No entendimento dos membros do conselho, o Paraná ainda não está preparado para deixar de vacinar seu rebanho. O principal entrave, afirmam, é a falta de pessoal. Entre médicos veterinários, técnicos agrônomos e funcionários administrativos, seria necessário contratar 475 pessoas para blindar as fronteiras paranaenses contra a febre aftosa, conforme levantamento da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

No entanto, os baixos salários oferecidos dificultam a contratação desses funcionários. No caso dos técnicos agrícolas (a maior demanda), a defasagem dos valores é de quase 60%. O governo estadual oferece R$ 2,4 mil/mês, menos da metade do piso salarial da categoria. O concurso para contratação dos reforços é antigo, foi feito em 2006. "Essas pessoas não ficaram todo esse tempo esperando serem chamadas. Muitas delas já arranjaram outros empregos. Outras simplesmente não se interessam pelo salário oferecido", observa o secretário executivo do Conesa, Eliel de Freitas. Segundo ele, uma terceira chamada deve ser realizada até o fim do ano. Se ainda assim as vagas não forem totalmente preenchidas, um novo concurso será convocado no próximo ano.

"No mínimo, a meta de ser área livre da aftosa sem vacinação foi protelada por mais um ano. Vai ser preciso tempo para que o orçamento seja ajustado e o quadro de funcionários da defesa animal possa ser reestruturado. Na melhor das hipóteses, poderemos suspender a imunização em novembro de 2011", avalia o representante da Federação da Agricultura (Faep), Rolnei Volpi.

De acordo com Marco Antonio Teixeira Pinto, chefe do departamento de Defesa Sanitária Animal (DSA) da Seab, o Paraná cumpriu até agora apenas duas das exigências estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a suspensão da vacinação. Ele informou que a estruturação das unidades físicas, com compra de veículos, mobiliário e equipamentos técnicos e de informática, foi concluída e a legislação atual está em conformidade com as exigências do Mapa.

"Mas de que adianta ter infraestrutura física, veículos e computador se hão existe uma pessoa capacitada para fazer a vigilância?", questiona Freitas. Ele destaca que além de ampliar o quadro funcional é preciso também treinar e qualificar os fiscais para garantir uma vigilância eficaz. "Pessoalmente, sinto que não estamos preparados estruturalmente para suspender a vacinação. Infelizmente esta ainda não é a hora", disse o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne) do Paraná, Péricles Salazar.

"Precisamos tomar a decisão agora para que os produtores, a indústria e os distribuidores possam se preparar para a campanha. Não podemos correr o risco de não vacinar o nosso rebanho em novembro por falta de vacina", advertiu Volpi. Balanço da Seab mostra que em algumas regiões do estado, como em União da Vitória (Sul), o índice de imunização ficou abaixo de 80% na primeira etapa da campanha porque não havia doses de vacina suficiente. Freitas explica que os distribuidores ficaram receosos em formar estoques diante da possibilidade de suspensão da vacinação. "Quando a imunização for interrompida, a vacinação será proibida e não será permitido sequer armazenar doses do medicamento no estado", esclarece.

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