Histórico
Nos últimos anos, o Paraná recuperou o status de estado livre da doença com vacinação, mas não o mercado externo perdido.
Outubro de 2005 O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) diz que há aftosa no Paraná e a secretaria estadual afirma o contrário. Uma fazenda em São Sebastião da Amoreira (Norte) havia comprado animais de uma região com a doença em Mato Grosso do Sul. Mesmo com as incertezas, quase 7 mil cabeças de gado são abatidas nos meses seguintes.
Dezembro de 2005 O número de países que suspendem as importações de carne bovina paranaense chega a 56, incluindo a Rússia, principal comprador. Suínos e aves também passam a enfrentar barreiras sanitárias.
Outubro de 2007 Após o sacrifício dos animais supostamente infectados e dois anos de intensa vacinação, o Mapa reconhece o Paraná como área livre de aftosa com vacinação.
Janeiro de 2008 A Europa suspende a importação de carne bovina de todo o Brasil, alegando falhas na rastreabilidade. Só fazendas cadastradas numa lista internacional passam a exportar carne bovina para a União Europeia. Os produtores brasileiros reclamam, mas acabam cedendo à exigência.
Junho de 2008 A Organização Internacional de Saúde Animal e a União Europeia reconhecem o Paraná como área livre da aftosa com vacinação. O estado passa a cumprir um lento processo de cadastramento das fazendas pecuárias, no sistema nacional e na lista da UE. Hoje, 42 propriedades paranaenses estão habilitadas pelo bloco.
Maio de 2009 O Paraná dispensa da primeira etapa da vacinação o gado com mais de dois anos. Na segunda fase, em novembro, a imunização continua obrigatória para o rebanho total do estado, de aproximadamente 9 milhões de cabeças.
Março de 2010 A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seab) anuncia oficialmente a intenção de suspender a vacinação em novembro de 2010 e solicita ao Mapa autorização para interromper a imunização.
Agosto de 2010 Diante de atraso no calendário de metas estabelecido pelo Mapa, o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) decide manter a segunda etapa da campanha de vacinação, em novembro, e adia a busca do novo status sanitário para 2011.
Salários abaixo da média do mercado minaram a primeira tentativa do Paraná de se tornar uma zona livre de febre aftosa sem vacinação. A melhora do status sanitário, solicitado pelo estado ao governo federal em março, ficará para 2011. Em reunião realizada ontem em Curitiba, o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) decidiu manter a segunda etapa da campanha de vacinação, em novembro. No entendimento dos membros do conselho, o Paraná ainda não está preparado para deixar de vacinar seu rebanho. O principal entrave, afirmam, é a falta de pessoal. Entre médicos veterinários, técnicos agrônomos e funcionários administrativos, seria necessário contratar 475 pessoas para blindar as fronteiras paranaenses contra a febre aftosa, conforme levantamento da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
No entanto, os baixos salários oferecidos dificultam a contratação desses funcionários. No caso dos técnicos agrícolas (a maior demanda), a defasagem dos valores é de quase 60%. O governo estadual oferece R$ 2,4 mil/mês, menos da metade do piso salarial da categoria. O concurso para contratação dos reforços é antigo, foi feito em 2006. "Essas pessoas não ficaram todo esse tempo esperando serem chamadas. Muitas delas já arranjaram outros empregos. Outras simplesmente não se interessam pelo salário oferecido", observa o secretário executivo do Conesa, Eliel de Freitas. Segundo ele, uma terceira chamada deve ser realizada até o fim do ano. Se ainda assim as vagas não forem totalmente preenchidas, um novo concurso será convocado no próximo ano.
"No mínimo, a meta de ser área livre da aftosa sem vacinação foi protelada por mais um ano. Vai ser preciso tempo para que o orçamento seja ajustado e o quadro de funcionários da defesa animal possa ser reestruturado. Na melhor das hipóteses, poderemos suspender a imunização em novembro de 2011", avalia o representante da Federação da Agricultura (Faep), Rolnei Volpi.
De acordo com Marco Antonio Teixeira Pinto, chefe do departamento de Defesa Sanitária Animal (DSA) da Seab, o Paraná cumpriu até agora apenas duas das exigências estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a suspensão da vacinação. Ele informou que a estruturação das unidades físicas, com compra de veículos, mobiliário e equipamentos técnicos e de informática, foi concluída e a legislação atual está em conformidade com as exigências do Mapa.
"Mas de que adianta ter infraestrutura física, veículos e computador se hão existe uma pessoa capacitada para fazer a vigilância?", questiona Freitas. Ele destaca que além de ampliar o quadro funcional é preciso também treinar e qualificar os fiscais para garantir uma vigilância eficaz. "Pessoalmente, sinto que não estamos preparados estruturalmente para suspender a vacinação. Infelizmente esta ainda não é a hora", disse o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne) do Paraná, Péricles Salazar.
"Precisamos tomar a decisão agora para que os produtores, a indústria e os distribuidores possam se preparar para a campanha. Não podemos correr o risco de não vacinar o nosso rebanho em novembro por falta de vacina", advertiu Volpi. Balanço da Seab mostra que em algumas regiões do estado, como em União da Vitória (Sul), o índice de imunização ficou abaixo de 80% na primeira etapa da campanha porque não havia doses de vacina suficiente. Freitas explica que os distribuidores ficaram receosos em formar estoques diante da possibilidade de suspensão da vacinação. "Quando a imunização for interrompida, a vacinação será proibida e não será permitido sequer armazenar doses do medicamento no estado", esclarece.
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