O empresário Paulo dos Santos| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Dicas

Saiba os caminhos a se percorrer para atuar no setor de serviços:

- Analise o setor e as tendências.

- Conheça seu público e os nichos de mercado em que pode atuar.

- Saiba quem são seus concorrentes, tanto físicos quanto virtuais.

- Coloque no papel quais são os pontos fortes e fracos do negócio.

- Depois, busque a estrutura física e preste atenção à localização (tanto sob o aspecto comercial quanto burocrático, já que a prefeitura pode limitar determinadas atividades devido ao zoneamento urbano).

- Consulte a legislação específica do setor (inclusive antes de iniciar o negócio, já que o local pode requerer reformas específicas para se adequar à legislação).

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As oportunidades de negócio no setor de serviços estão intimamente ligadas ao aumento do nível de renda da população brasileira, mas os empresários não precisam depender apenas do crescimento disso para pôr em prática o seu negócio. Eles podem observar as carências das pessoas e encontrar as oportunidades. Analisar as tendências pode ser o pontapé inicial na hora de entrar no ramo: conhecer os hábitos de consumo da terceira idade, de casais sem filhos e casais homossexuais, por exemplo, pode ser uma chance de criar um serviço inovador. As oportunidades a seguir foram listadas pelo Sebrae-PR, que cruzou dados sobre a busca de informações de empresários do estado com os números de abertura de novos negócios na Junta Comercial do Paraná (Jucepar).

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Pé na estrada

A turismóloga Daniela Meres Silva aproveitou uma oportunidade para empreender ainda durante a faculdade de Turismo. Daniela fez estágio durante dois anos na agência de viagens Gondwana Brasil Ecoturismo e se sentia em casa: como gostava de caminhar pela mata e fazer trilhas pela natureza, montar roteiros para os viajantes era um prazer.

Devido à dedicação, ela foi convidada a ser sócia da agência, aos 23 anos. "Fui chamada para fazer uma capacitação em um programa nacional e minha chefe, que era minha professora, falou para eu não ir. Ela me convidou para ser sua sócia e eu aceitei o desafio, foi muito natural. Foi uma oportunidade que veio e eu agarrei; não sei se teria conseguido se tivesse começado sozinha", pondera.

A rede de relacionamentos ajudou Daniela a ficar na empresa e também a dar uma guinada internacional nos negócios. Especializada em ecoturismo com foco no Litoral paranaense, a Gondwana começou a trazer turistas estrangeiros ao Paraná a partir de contatos com outros operadores de agências de turismo. "A concorrência neste setor é muito grande, mas, quanto mais você foca, menos concorrentes encontra. Hoje, 80% dos nossos pacotes são de receptivo internacional. Estamos agora nos estruturando para o turismo emissivo", ressalta.

Um exemplo de turismo emissivo diferenciado que a agência encontrou para fugir dos pacotes tradicionais foi a criação de um roteiro com dez estudantes de fotografia de Curitiba para terem uma experiência de fotografia em Cuba. "A ideia foi um sucesso. Quem quer ir para Cuba encontra um pacote em qualquer lugar, mas quem queria ir para Cuba para ter uma experiência de fotografia só encontrava a nossa empresa. Não queremos ser conhecidos por pacotes tradicionais, mas como uma agência de ecoturismo", define Daniela.

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Serviço:Gondwana Brasil Ecoturismo. Avenida República Argentina, 369, Sala 804, Água Verde, Curitiba. (41) 3566-6369.

Avaliação do especialista

Observar uma oportunidade de negócio não é apenas pensar em abrir sua própria empresa, mas usar sua experiência para poder alavancar a carreira. Assim como Daniela, muitos empresários começam a vida dentro de uma empresa como estagiários e vão amadurecendo seus projetos após conhecer melhor o negócio. "Um estágio é fundamental para abrir caminhos, porque com isso se tem acesso a uma rede de contatos. O empreendedor pode usá-la para encurtar caminhos. Conhecer o mercado e ter expertise naquilo que faz pode mostrar o potencial empreendedor aos superiores, que podem vir a se tornar sócios", avalia a consultora do Sebrae-PR Fernanda Pesarini.

Além disso, gostar daquilo que faz coloca o empreendedor um passo à frente dos concorrentes, porque os clientes, na opinião de Fernanda, sentem quando o trabalho é feito com paixão. "O empresário é aquele que vive a empresa, não como funcionário, que cumpre suas oito horas, mas deixando que ela faça parte de sua vida. Quando ele gosta, ele sempre procura melhorar. A entrega ao negócio sobressai para os consumidores", pontua. Segundo a consultora do Sebrae-PR, afunilar o público é positivo, na atividade de agência de viagens e turismo e nas demais – quanto mais delineado está o perfil do cliente, mais fácil é oferecer diferenciais a ele. "Especializar-se em um nicho atende à expectativa do cliente porque permite oferecer a ele aquilo que ele quer, mas ninguém nunca pensou em dar."

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Serviço limpo

O empresário Paulo dos Santos trabalha há quatro anos em sua empresa de limpeza e jardinagem, a Previne Higiene Ambiental. Começou sozinho, com um investimento de cerca de R$ 8 mil, e hoje tem 12 funcionários trabalhando com ele. Ao olhar para trás, Santos lembra que quase desperdiçou a sua chance – na época, tinha experiência de dez anos no ramo, mas, por um desentendimento com o antigo chefe, decidiu ir embora do país. "Foi aí que um amigo meu me deu um toque: ‘você tem experiência, fica e abre o teu negócio’. Aquilo me motivou muito, naquela noite nem dormi planejando a minha própria empresa", recorda.

No dia seguinte saiu à procura de um local para se estabelecer, mas o que parecia afobação veio combinado com uma dose de planejamento. Entre a noite mal-dormida e a empresa em pleno funcionamento, foram três meses entre preparação, cursos e licenças. Desde 2007 o empresário atende principalmente indústrias, por segurança. "Há muito espaço para crescer nesta área e o problema que encontro são os funcionários que, com um ano de experiência, saem da empresa para abrir seu próprio negócio, oferecendo um valor mais baixo. Os consumidores de casa aceitam pagar mais barato, porque não conhecem o serviço. Mas indústrias querem toda a documentação, por isso tenho um retorno melhor nas empresas", conta.

Para driblar a concorrência, inclusive a desleal, Santos apostou em diferenciais: antes e depois do serviço de limpeza de caixa d’água, por exemplo, os funcionários tiram fotos para mostrar a execução do trabalho. "É uma maneira de prestar contas para os clientes, que não conhecem muito bem o serviço. Isso cria uma relação de confiança, que gera uma propaganda boca a boca. Olhando para a história da empresa, só tenho a agradecer ao meu amigo", relembra o empresário.

Serviço:Previne Higiene Ambiental. Rua Doutor Leocádio Cisneiro Correa, 796, Xaxim, Curitiba. Telefone: (41) 3275-9014.

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Avaliação do especialista

Contar com a ajuda de amigos e familiares é um bom caminho na hora de aproveitar as oportunidades, tanto no setor de serviços quanto nos demais. O diferencial neste momento é ter habilidades no que pretende gerenciar e conhecimento técnico para tocar o projeto. "Ouvir as pessoas e sempre fazer uma autoavaliação é bom para abrir os olhos para as oportunidades. O principal é estar preparado quando identificá-las, utilizando sua rede de contatos, para criar estratégias para se diferenciar", analisa a consultora do Sebrae-PR Fernanda Pesarini.

De acordo com a especialista, uma característica do setor de serviços é que o produto vendido, na maioria das vezes, é a promessa da execução do trabalho. "Não é um bem tangível; o empresário vende um sonho, por isso a confiança e a credibilidade são fundamentais. Uma forma de criar qualidade nesse serviço é fazê-lo virar concreto, como a foto do ‘antes e depois’ do serviço, por exemplo", afirma Fernanda, citando o caso do empreendedor Paulo dos Santos.

Por não tratar de bens mensuráveis, uma maneira de evitar a concorrência desleal é explicar para os consumidores o porquê do valor cobrado. "É bom mostrar a relação entre preço e qualidade; isso ajuda a melhorar o relacionamento entre empresa e consumidor. Aqueles que cobram um valor abaixo de mercado tendem a quebrar. Com o passar do tempo, só os competentes conseguem se manter", ressalta a consultora do Sebrae-PR.

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