Após um hiato de 20 anos, a loja de departamentos Mappin reestreia no cenário nacional nesta segunda-feira (10) com vendas exclusivamente pela internet. Fundada em 1913, a rede foi pioneira no varejo de grande escala no país e marcou época em São Paulo, com auge entre as décadas de 1970 e 80, mas entrou em falência e teve sua marca apagada das fachadas em 1999.
Agora, o Mappin volta sob a administração do Blue Group Digital, responsável pela presença online das lojas de móveis Marabraz, que adquiriu a marca por R$ 5 milhões no ano de 2009, em leilão judicial.
O mappin.com.br entra no ar com a mesma identidade visual das antigas lojas da rede, oferecendo 15 mil produtos. O portfólio inclui utilidades domésticas, itens de cama, mesa e banho, decoração e móveis, entre os quais uma linha exclusiva multi propósito, que inclui produtos como cadeiras que viram estantes e gavetas que se transformam em bancos.
Segundo informações divulgadas pela Marabraz, foram feitos investimentos da ordem de R$ 4 milhões em tecnologia e logística, para garantir entregas em todo o país, mas a atuação mono-canal pode representar fragilidade competitiva na avaliação do sócio-diretor da consultoria especializada em varejo GS&Consult, Alexandre van Beeck.
"Por enquanto na internet"
"É um mercado extremamente competitivo e o que a gente tem visto cada vez mais é que toda estratégia digital precisa também de outro canal, principalmente em se tratando desse tipo de produtos", afirma o especialista. "Eu entendo que ao optar por uma operação puramente digital, [o Mappin] não se torna tão competitivo quanto outros que estão estabelecidos. Todos os grandes players de varejo, falando de Brasil, tem uma estratégia de loja física complementando a atuação do digital, que ganha em eficiência operacional com pontos de contato com o cliente no meio físico: Magazine Luiza é dessa forma, Via Varejo, B2W com Lojas Americanas do mesma modo", lista Alexandre van Beeck.
Na área do site dedicada à história do Mappin, lê-se que a loja está de volta "por enquanto na internet", deixando antever que em algum momento pontos de venda físicos serão abertos, num movimento que "faz total sentido", conforme o especialista. "Netshoes passou por isso agora, está em processo de venda, outros que tem operação pure-player passam por isso também", compara van Beeck e conclui que "por hora, apesar da associação com a Marabraz, eu sinto uma fragilidade de competitividade no mercado".
Conforme porta-vozes do Mappin, a abertura de uma loja física está, sim, nos planos, com a avaliação de possíveis pontos em São Paulo. Apesar dos estudos, não há previsão de quando isso vai acontecer. Por hora, o foco é no ambiente online, inclusive com a estreia de um Marketplace no segundo semestre. De acordo com as informações já divulgadas, em nota, "a operação contará com a participação de grandes varejistas parceiros e vai aumentar o catálogo de produtos para mais de 500 mil itens [...] com o objetivo também de estabelecer um relacionamento entre a marca e as demais regiões do País, uma vez que é o público de São Paulo que tem uma relação de nostalgia com o Mappin".
Existe amor fora de SP?
Outro ponto destacado pelo especialista como desafio para o retorno do Mappin como e-commerce tem relação com a própria marca, que apesar de nostálgica é muito regional. "Todo mundo que eu converso aqui de São Paulo tem uma relação afetiva com a marca, só que quando você vai para o digital, essa lembrança afetiva não se concretiza. [A marca] tem força, sem dúvida, [mas] enraizada em São Paulo. Eu acredito que tem que haver um investimento muito grande para extrapolar essa força da marca no varejo nacional", pondera.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast