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Indústria

Máquinas feitas no país já são minoria

Máquinas da Caterpillar: revendedoras estão em situação praticamente oposta à dos fabricantes | Clicketz
Máquinas da Caterpillar: revendedoras estão em situação praticamente oposta à dos fabricantes (Foto: Clicketz)
Balança comercial no setor está cada vez mais deficitária. Confira no gráfico |

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Balança comercial no setor está cada vez mais deficitária. Confira no gráfico

Mais da metade dos bens de capital consumidos no Brasil hoje vem de fora do país, segundo indicadores conjunturais divulgados ontem pela Asso­ciação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O setor, considerado de média-alta tecnologia (abaixo da indústria de informática, mas acima da de alimentos e bebidas), faturou R$ 6,33 bilhões no primeiro semestre deste ano, 7% a mais que nos primeiros seis meses de 2010, mas 4% a menos que em 2008, melhor ano da economia brasileira na última década. "Nosso problema, e da indústria como um todo, é o da competitividade sistêmica, aquela definida pelo governo, com o câmbio valorizado demais e os altos juros que dificultam nossa atuação lá fora", afirma o diretor de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Fernando Bueno.

No Paraná, máquinas e equipamentos mecânicos são os produtos que, junto com combustíveis minerais e veículos e peças, mais puxam a balança comercial do estado para baixo. No primeiro semestre deste ano, esses setores acumularam déficits de US$ 1,1 bilhão, US$ 1 bilhão e US$ 717 milhões respectivamente, respondendo por 60% das importações e contribuindo para gerar um saldo negativo de US$ 367 milhões no estado.

Em termos nacionais, a participação das exportações no faturamento do setor cai ano a ano: de 34% em 2005 para 23% nesse primeiro semestre deste ano. O aumento acelerado da participação de produtos importados no consumo nacional é liderado, principalmente, pela China (em quantidade) e pelos Estados Unidos (em valores).

Em média, 20% dos componentes das máquinas fabricadas no Brasil têm sido importados, visando também o aumento da competitividade dos produtos. Com isso, as exportações também vêm crescendo – US$ 5,365 bilhões, uma alta de 32,6% sobre o primeiro semestre de 2010 –, mas ainda em ritmo lento na comparação com as importações, que chegaram a US$ 14,1 bilhões, 32,7% a mais que no ano passado.

É o que os analistas econômicos chamam de "volta do Brasil ao período colonial". O equipamento importado é 10% a 40% mais barato que o nacional. "Depende muito do mix de peças nacionais e importadas, mas o importado é sempre mais barato e isso tem de parar. Não podemos continuar beneficiando a exportação do minério de ferro e importando balde de plástico. Se na indústria automotiva, que é forte e tem uma taxação de 35% na importação, um a cada três veículos já vem de fora, imagina no nosso caso, em que a taxação é de 7%, apenas", observa o consultor econômico da Abimaq, Mário Bernardini.

Revenda

A situação é ruim para quem fabrica, mas não para quem revende. A Paraná Equipamentos (Pesa), que vende produtos da norte-americana Caterpillar, líder do mercado mundial, e também presta serviços de locação e manutenção para outras três grandes marcas (Mitsubishi, Genie e Blount), pretende aumentar em 25% seu faturamento neste ano, passando dos R$ 800 milhões conquistados no ano passado para R$ 1 bilhão. "Tirando nossos clientes da área de grandes obras e infraestrutura, que estão parados, todos os outros segmentos que atendemos, como mineração e exploração de areia e brita, vão bem. Nossas perspectivas de vendas e prestação de serviços são as melhores", avalia o gerente de Negócios e Relacionamento com o Mercado da Pesa, Mário Cantarelli.

Boa parte das máquinas Cater­pillar vendidas pela Pesa é produzida em Piracicaba (SP), com peças importadas. Algumas pavimentadoras são produzidas por completo no exterior. "Com a inauguração de uma unidade da marca em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, prevista para setembro, podemos melhorar nosso relacionamento com o cliente, diminuindo prazos", comenta Cantarelli.

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