Rede, que chegou a liderar mercado de farmácias no estado, entrou em crise no início da década passada| Foto: Pedro Serapio / Gazeta do Povo

Avaliação

Valor de merca depende de variáveis, incluindo percepção do público

Não há uma fórmula precisa para se medir o valor de uma marca. O critério mais decisivo é a percepção de seu público, influenciada por fatores como a repercussão de notícias negativas e a presença no mercado. "Se a saída do mercado deixou uma impressão negativa, ela cai num abismo em termos de valor. Já se o consumidor não sabe das razões, ela tem chance de voltar a crescer", diz Luiz Edgard Montaury Pimenta, presidente da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI).

Segundo Pimenta, marcas populares, por exemplo, mantêm seu valor com maior facilidade que as de público qualificado, que acompanha de perto a atuação da empresa e tem uma visão mais crítica. O presidente da ABPI destaca ainda a falta de atenção dos gestores quanto à renovação do registro das marcas, fazendo com que passem a domínio público, e ao valor das patentes, que costumam der deixadas de lado.

Processos

O judiciário paranaense tem se destacado por sua eficiência ao encaminhar processos de falência, após a criação, em 2012, de duas Varas da Fazenda específicas para o segmento. A decisão impulsionou processos que estavam parados há anos.

" Isso beneficia ao mesmo tempo o mercado, com o retorno das marcas, e o falido, pois aumenta o valor dos ativos e paga os credores", afirma o leiloeiro Hélcio Kronberg.

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Antiga fábrica da Ika, em foto do ano passado: débito trabalhista de R$ 12 milhões
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Alguns nomes que você não vê há anos no mercado podem dar as caras outra vez. Cada vez mais frequente no estado, a venda de marcas falidas aparece como um recurso para arrecadação de fundos e pagamento de débitos como impostos e questões trabalhistas. É o caso da Drogamed, que já foi a maior rede de farmácias do Paraná. Com falência decretada em 2008, a empresa recorreu à prática e terá sua marca leiloada até o fim do ano. A dívida total é estimada em torno de R$ 70 milhões.

Em 2008, a empresa teve seus ativos vendidos por R$ 8,5 milhões ao grupo dono da Nissei. A marca, que continuou na massa falida, deve ser vendida por um valor simbólico, ainda em fase de valoração pelo leiloeiro Hélcio Kronberg. "Lamentavelmente, no seu período final, a empresa adotou uma politica que não manteve a valoração da marca", diz.

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Segundo Joaquim Rauli, gestor da massa falida da empresa, a previsão é de arquivamento do processo no primeiro semestre de 2015, após aprovação do plano de pagamento de ações trabalhistas, que somam um débito em torno de R$ 10 milhões. Atualmente, a massa tem R$ 12 milhões em conta.

Depois de anos no topo do segmento de farmácias no Paraná, a Drogamed entrou em crise perto do ano 2000. Na ocasião, o grupo chileno Farmacias Ahumada S/A (Fasa), adquiriu 67% de participação. Após um ano, insatisfeito com a administração chilena, o fundador da rede, Aparecido Camargo, saiu da sociedade. Em 2006, depois de anos de operação no vermelho, a Fasa vendeu sua participação para o peruano Hugo Rodríguez, na época CEO da rede, com um prejuízo avaliado em R$ 9 milhões. Dois anos mais tarde, foi decretada a falência.

Outros casos

Os principais casos de processos de falência no Paraná incluem, além da Drogamed, a marca de alimentos Tip Top, que arrecadou mais de R$ 18 milhões com a venda conjunta de sua marca, fábrica e maquinário, e a marca de malas de viagem Ika, cuja propriedade está em avaliação.

A Ika teve falência decretada em 1994, mas sua marca foi vendida a terceiros, que a mantiveram ativa no mercado. Segundo Rauli, que assumiu a gestão da massa falida em 2013, a legitimidade da venda está sob avaliação da Justiça. A dívida total da empresa ainda está sob avaliação do advogado. O débito em questões trabalhistas é de aproximadamente R$ 12 milhões.

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"A Ika esteve no cotidiano dos curitibanos por muitos anos e tem renome nacional, ainda tem boa penetração de mercado. Se for a leilão, pode render boa arrecadação", diz o leiloeiro Helcio Kronberg, responsável pela valoração da marca.

Tip Top

Muito presente no imaginário do público há alguns anos, a Tip Top decretou sua falência em 1991, mas foi mantida ativa por arrendatários. Segundo o gestor Paulo Vinícius do Barros Martins Junior, o cenário do processo de falência é otimista. "A expectativa é que o processo seja encerrado no próximo ano, com possibilidade de manutenção de parte do patrimônio pelo proprietário". A venda conjunta da fábrica, maquinário e marca foi realizada em agosto e arrecadou mais de R$ 18 milhões, pagos à vista pela indústria alimentícia Salvatti.