A divulgação do balanço do segundo trimestre da Telefônica Brasil, na semana passada, representou um ponto crucial na trajetória de 15 anos da GVT: pela primeira vez, os resultados financeiros da operadora e da Vivo foram apresentados juntos, sedimentando a conclusão de operação de compra da empresa curitibana. Se os benefícios da aquisição se tornaram ainda mais evidentes para a Telefônica –o número de acessos em comparação ao mesmo período do ano passado aumentou 4% no país, somando 106,4 milhões, e a receita operacional líquida subiu 5,4%, atingindo R$ 10,4 bilhões –, o futuro da GVT em Curitiba ainda permanece incerto, com a empresa suscetível a reestruturações na administração e no efetivo.
INFOGRÁFICO: confira a divisão do mercado de telefonia no país
O que já se sabe é que a marca GVT vai sair do mercado no próximo ano –a data divulgada pelo novo presidente da Telefônica Brasil, Amos Genish, é 1º de abril. Haverá um só portfólio de produtos, assim como uma conta única, em nome da Vivo. A empresa garante que, na prática, os planos da GVT já contratados pelos clientes não passarão por qualquer mudança no preço ou serviços prestados.
“Esta transição vai ser feita de maneira transparente e vamos informar os consumidores de cada passo que daremos ao longo do tempo. Uma das principais provas de que a cultura da GVT permanecerá é a própria permanência do Amos (ex-presidente da GVT) e de outros executivos na Vivo”, afirma o vice-presidente de Marketing para a área de serviços fixos da Telefônica Vivo, Ricardo Sanfelice (que, por sua vez, também veio da GVT).
Enxugamento
A principal preocupação dos funcionários e de entidades de classe é que a dança das cadeiras não fique restrita aos diretores, como é comum em processos de aquisição de empresas. Sozinha, a GVT possui cerca de 18 mil funcionários, sendo que, destes, 9,3 mil estão no Paraná. A opção de fugir da terceirização e concentrar serviços inchou o efetivo da empresa ao longo do tempo – só em Curitiba, são 1,7 mil funcionários no call center, 800 técnicos de campo e outros 2,7 mil colaboradores alocados na sede administrativa no Jardim Botânico Corporate, em uma área alugada de 12 mil metros quadrados.
O número total de funcionários da GVT é pouco menor do que o efetivo direto da Vivo até o ano passado, que somava 18,4 mil pessoas. Apesar de destacarem uma sinergia esperada de R$ 2 bilhões ao ano após a aquisição da GVT, executivos da Telefônica Brasil evitam falar – pelo menos abertamente – sobre cortes de pessoal. Semana passada, o vice-presidente financeiro da companhia, Alberto Aguirre, afirmou que “ao longo do ano trabalhamos para conseguir maiores níveis de produtividade e qualidade de serviços”, acrescentando que “podemos fazer igualmente bem com menos recursos”.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico após a divulgação do balanço conjunto, Genish foi na linha contrária e afirmou que a operadora pretende contratar , ao longo dos próximos 12 meses, 2 mil pessoas, que assumirão o espaço dos terceirizados da Vivo.