O conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) Marcos Paulo Verissimo confirmou que deixará o órgão antitruste e que esta quarta-feira (17) será sua última sessão, conforme adiantou na terça-feira, 16, a Agência Estado. "O boato é verdadeiro e dói no coração não poder continuar a minha missão aqui no Cade", disse, no início da sessão. Verissimo explicou que pediu para não considerarem seu nome para recondução ao cargo, o que deveria ocorrer agora, quando expira o mandato de dois anos.
"O Cade foi minha experiência profissional mais rica. Tive o privilégio de viver momento especial do Cade e de conviver com pessoas brilhantes", salientou. O conselheiro argumentou que estava difícil conciliar suas atividades profissionais com as pessoais, já que a família mora em São Paulo. Verissimo é casado e tem dois filhos. "Isso, infelizmente, me afastou da minha família e tenho dois filhos pequenos. É chegado um momento que é preciso ponderar razões pessoais e profissionais", afirmou.
Ele aproveitou para desejar sucesso na próxima sabatina ao colega Elvino Mendonça, que começou a atuar na autarquia no mesmo período que Verissimo. O nome de Mendonça terá de ser indicado novamente para recondução ao cargo pela presidente Dilma Rousseff e, depois, terá de passar pela aprovação do Congresso.
O presidente do Cade, Vinícius Carvalho, salientou que Verissimo deu contribuições importantes para o Cade criando jurisprudência em relação a temas específicos, como a fixação de preços de revenda (processo da SKF) - e tabelas. "Estas foram contribuições importantes para consolidar posição do Cade e mesmo orientar atuação da superintendência apontando caminhos de investigação", afirmou.
Verissimo tem 38 anos e se despede do tribunal administrativo com um "grand finale". Levará ao plenário dois processos de peso: a maior operação do setor de varejo brasileiro, formado por Pão de Açúcar, Casas Bahia e Ponto Frio, e as diversas aquisições feitas pelo JBS, incluindo a compra do frigorífico Bertin, em 2009. Este negócio deu origem à maior empresa produtora de carne bovina do planeta.
Ao se afastar do Cade, ele terá de cumprir uma quarentena, que, no caso, são os meses durante os quais não poderá exercer nenhuma atividade com remuneração. Além de professor do Departamento de Direito do Estado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Verissimo atuou como advogado de 1998 a 2007 e foi chefe de gabinete da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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