Queridinho dos brasileiros nos verões da última década, os cruzeiros marítimos estão perdendo espaço no Brasil e em outros países da América Latina. Entre os principais entraves dos gigantes flutuadores estão a falta de infraestrutura e o alto custo de operação portuária.
O Brasil, país que chegou a ocupar a 5.ª colocação no ranking mundial de cruzeiros, caiu para a 7.ª posição e perdeu mercado nos últimos dois anos. Na última temporada, os navios que percorreram a costa brasileira transportaram 762 mil passageiros, 9% a menos que na temporada anterior, quando foram registrados mais de 805 mil passageiros. E a próxima deve ser ainda pior.
Doze navios devem circular pela costa brasileira na temporada de cruzeiros 2013/2014, que vai de novembro a abril do ano que vem. A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Abremar) espera fluxo de 668 mil turistas, número cerca de 12% menor que no ano passado. "Os altos custos de operação, a limitada condição da infraestrutura portuária brasileira e o alto investimento de destinos internacionais tornaram o Brasil menos competitivo neste segmento", diz Ricardo Amaral, presidente da entidade.
Mar agitado
Embora não hajam indicativos de que a situação vai melhorar, principalmente em curto prazo, há quem acredite no mercado. Na semana passada, a Pullmantur anunciou que vai abrir uma sede na América Latina para, em três anos, liderar o mercado regional de cruzeiros e atingir a marca de 500 mil passageiros transportados, o equivalente a 70% do total de passageiros. O local ainda não foi divulgado.
Relatórios da Cruise Lines International Association (CLIA), entidade internacional do setor de turismo de Cruzeiros Marítimos, apontam situações igualmente desconfortáveis no Chile, Uruguai e Argentina. No entanto, por ser um mercado relativamente novo, há muito a ser explorado na região. Um documento de janeiro deste ano cita a Copa do Mundo, as Olimpíadas e os novos terminais de passageiros de Valparaíso, no Chile, e Montevidéu, no Uruguai, como oportunidades para criação de novos roteiros, que podem baratear os custos de operação.
Na opinião de Renê Hermann, diretor geral do Grupo Costa para a América do Sul, o Brasil ainda tem um forte apelo turístico para atender seus turistas e as escalas em cidades como Rio de Janeiro, Búzios, Angra dos Reis e Salvador estimulam os passageiros a viajar de navio pelo país. "Embora o Brasil tenha caído duas posições no ranking mundial de cruzeiros, é importante ressaltar que o mercado sul-americano, de maneira geral, está propenso a navegar", conta.