Os medicamentos devem subir, em média, 3,4% a partir de abril, nas contas da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Os cálculos ainda são preliminares porque foram feitos com as previsões para a inflação do mês de fevereiro, já que o índice ainda não foi divulgado oficialmente.
Antônio Brito, presidente da entidade explica que essa deve ser a média de três tipos de reajustes. São três classes de medicamentos avaliadas pelo governo: remédios produzidos num mercado concentrado, produtos feitos em ambiente de média concorrência e aqueles com alta competição.
O aumento de preços deve ficar entre 1,63% até 5% nessas três faixas de produto. Isso daria uma média de 3,4%.
“Temos que ressaltar que esse reajuste fica abaixo da inflação”, ressalta o presidente da instituição, que complementa: “E, como há uma política de desconto, não significa que um aumento de xis será um aumento de xis para dona Maria. O reajuste praticado pelo mercado é sempre inferior ao reajuste anunciado”.
Formalmente, o reajuste deve ser anunciado pelo Ministério da Saúde no dia 31 de março, como ocorre todos os anos. Ele entra em vigor no início de abril.
Os medicamentos têm os preços controlados pelo governo, que faz um cálculo para definir cada reajuste. No ano passado, o governo autorizou um reajuste de 12,5% (exatamente a conta da Intraframa).
Foi o primeiro aumento acima da inflação desde quando a indústria passou a registrar os dados há 12 anos. No ano anterior, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 10,36%. O problema maior foi a crise enfrentada pelo setor por causa da recessão econômica.
Já em 2016, a inflação foi muito menor. O IPCA ficou em 6,29% no ano passado.
O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), que reúne os representantes da indústria farmacêutica, não divulga sua expectativa para o reajuste dos medicamentos. Mas o presidente da entidade, Nelson Mussolini, lembra que apesar de terem tido um reajuste de 12,5% em 2016, o primeiro aumento acima da inflação em 11 anos, os preços dos remédios ainda não foram recompostos. A inflação medida pelo IPCA, em 2015, ficou em 10,36%.
“No ano passado, tínhamos o dólar alto e houve aumentos importantes em custos como energia. Mas, mesmo com o reajuste de 12,5%, os custos não foram recompostos, já que nos últimos dez anos o aumento ficou abaixo ou foi igual à inflação”, disse Mussolini.
Dados do Sindusfarma mostram que entre 2007 e 2016, o reajuste dos medicamentos autorizado pelo governo foi de 61,20%. No mesmo período, a inflação oficial chegou a 79,28%. A entidade lembra ainda que nestes dez anos, o reajuste dos salários dos empregados do setor foi de 102,12% e variação do dólar foi de 52,43%.