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Alex Buziquia no auditório onde aconteceu o campeonato em que se consagrou campeão. | Arquivo pessoal/
Alex Buziquia no auditório onde aconteceu o campeonato em que se consagrou campeão.| Foto: Arquivo pessoal/

Quando o médico curitibano Alex Buziquia começou a se interessar pelo mercado financeiro, ele ainda estava na faculdade. Foi em 2008. Naquele mesmo ano, resolveu se aventurar e fazer suas primeiras operações na Bolsa. Começou bem, ganhando dinheiro, mas não demorou muito para que amargasse o primeiro prejuízo. “Quando você ganha, começa a achar que já sabe como fazer. E não é bem assim, precisa ir com calma e estudar. Não dá para achar que é um rio de dinheiro passando e você vai encher sua canequinha”, diz.

Ouça entrevista com Alex Buziquia no final da matéria.

Com a primeira decepção, Buziquia percebeu que era hora de parar e estudar. Oito anos dedicados à medicina depois, já formado e pós-graduado, ele resolveu que era hora de se dedicar a entender melhor como ser um trader bem sucedido. E parece que aprendeu bem: Buziquia ficou em primeiro lugar em um campeonato de traders no Master Trader Brasil 2018, da InfoMoney, que aconteceu nos dias 9 e 10 de junho em São Paulo.

O Master Trader Brasil é considerado o maior evento do ramo no Brasil. Esta edição contou com palestras de nomes de peso do ramo financeiro, como o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, e Roberto Lombardi, considerado um dos maiores traders do Brasil. Em paralelo às palestras, aconteceu o campeonato de que o médico participou e venceu, levando para casa um carro no valor de R$ 137 mil.

Trader é a pessoa que se envolve na negociação de ativos financeiros, para si próprio ou representando uma instituição. Ao contrário do investidor, o trader busca resultados rápidos e trabalha ativamente para isso, especulando e aproveitando oportunidades que surgem nas negociações do dia.

A competição se dividiu em três etapas. A primeira era formada por 12 baterias com 40 concorrentes. Os melhores de cada bateria passaram para a fase seguinte, de onde saíram os seis melhores para disputarem a final. “Na primeira etapa passei raspando, mas na semifinal e na final consegui abrir uma boa vantagem desde o início e só manejei a distância dos demais competidores”, conta Buziquia.

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Cada etapa tem duração de 10 minutos. Os competidores têm à sua frente uma plataforma de trading que opera no mercado real, mas que ali fazia uma simulação de pregões que aconteceram no passado. Acostumado a operar com robôs de investimento, Buziquia diz que foi preciso manter a calma diante da plateia de mais de mil pessoas. “Além da plateia, também tinham os outros competidores, professores e profissionais da área. A vantagem do campeonato é que eu não teria prejuízo. Ou eu ganhava, ou zero a zero, o que deixa um pouco mais tranquilo do que no mercado real”, aponta.

Foi exatamente por uma dificuldade em lidar com as “emoções” da Bolsa que o médico optou, a partir de 2015, por operar utilizando robôs de investimento. Segundo o trader, o robô dá a maior liberdade possível dentro do ramo, dispensando ele de ter que ficar o tempo inteiro em frente à tela do computador. O robô avalia e trabalhoa para o trader, de forma automatizada. “Como trabalho como médico, não tenho muito tempo. Gosto muito de programação, automatização de sistemas, e fui desenvolvendo este lado”, conta.

No entanto, Buziquia lembra, aos risos, que “o sistema sempre dá problema”. Por isso, o médico reforça que é preciso sempre ficar de olho no que os robôs estão fazendo. “Todos os dias estudo, coloco testes, deixo rodando e volto depois para conferir”, diz.

Atualmente, ele opera com mais de vinte robôs, todos criados do zero. “Estou aumentando a mão deles gradualmente. Começaram com dois, três contratos, e conforme vão ganhando, aumento. Mas digo que meus robôs não são investimento, mas trabalho. Estou fazendo eles crescerem do zero e isso dá muito trabalho”, revela. “Mas vou continuar. Estou fazendo um exército (risos). Gosto muito e não pretendo parar”, completa.

Dicas

Estudar muito é a principal dica de Alex para quem quer começar. Nos últimos três anos, por exemplo, ele diz que encarou este estudo como uma “graduação financeira”. E não é apenas entender como funciona a Bolsa, mas sim o pacote completo, que traz conhecimentos de economia tradicional e, para quem tem interesse nos robôs, entender de programação, por exemplo. “Precisa de tempo de tela também. Ficar em frente ao computador vendo o que está acontecendo, se informando”, orienta.

Ele, que sempre estudou por conta própria, conta que começou acompanhando a comunidade russa MQL5, que possui códigos abertos de robôs, mas é mais voltada ao mercado internacional. Com foco no mercado interno, Buziquia buscou o curso de programação da DeltaTrader, onde aprendeu a programar.

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Em segundo lugar, o médico diz que é preciso ter os pés no chão e não se iludir. “Não dá para achar que é um mar de rosas e que vai ter ganhos exorbitantes. Tem que ir passo a passo. Existem dias de ganho e dias de perda”, afirma. “Muitos levam um tombo e já desistem e ouvimos muito que ‘Bolsa só dá prejuízo’, é quase um consenso, mas não é bem assim. Se persistir, dá certo”, complementa.

Por fim, o médico ressalta a importância de pensar e procurar as melhores formas de cuidar do seu dinheiro. “Educação financeira é algo muito importante na vida de alguém. Se você trabalha para ganhar um dinheiro, precisa saber se ele vai render para você, saber trabalhar com ele. O pessoal joga na poupança e está perdendo dinheiro assim. Existem coisas mais atrativas”, ressalta.

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