Representantes do agronegócio consideraram "insuficiente" a medida estudada pelo governo federal. Sem comentar o uso do FAT, eles disseram que a intenção de renegociar as dívidas dos produtores com empresas privadas é bem-vinda, mas que não resolve os problemas do setor.
A abrangência da renegociação (R$ 4 bilhões, desde a safra 2004/05) também é pequena: estimativas do setor apontam que, somente em 2007, os produtores rurais terão de pagar dívidas de R$ 20 bilhões, com bancos, cooperativas e fornecedores. Aproximadamente 25% desse montante seria devido por agricultores paranaenses.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Alexandre Kireeff, disse estar satisfeito com a iniciativa. Mas os juros da renegociação (5,5% ao ano mais a TJLP, de 6,5% ao ano) "ainda são muito altos e precisam ser reavaliados". A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) informou que só vai comentar o assunto, e seus efeitos sobre a agricultura paranaense, após a edição da Medida Provisória.
O deputado federal Moacir Micheletto (PMDB-PR), da bancada ruralista, disse que o assunto será discutido na manhã de hoje, pela Subcomissão de Política Agrícola e Endividamento da Câmara dos Deputados. Ele não crê que o governo edite a MP antes de avaliar o estudo da subcomissão.
"Não basta prorrogar a dívida se os agricultores não têm recursos para pagá-la. É preciso recalcular toda a dívida", disse. Micheletto defende que sejam retirados da dívida multas, honorários advocatícios por conta de cobranças judiciais e valores que resultem de juros superiores a 12% ao ano. Isso reduziria o montante da dívida em pelo menos 30%, de acordo com o deputado.
O deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) avisou que, quando o governo editar a MP, a bancada ruralista "obviamente fará emendas". "Há vários tipos de dívida, e o governo quer recursos para resolver os problemas dos bancos e empresas que emprestaram dinheiro, mas não os problemas dos produtores em si." (FJ)