O governo mostrou prudência ao autorizar, por meio da Medida Provisória (MP) 433, que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprem participações em outras instituições financeiras, segundo avaliação de economistas e analistas do mercado financeiro. Mas eles ponderam que a medida pode provocar desconfiança nos agentes do mercado. "A MP não indica que o setor esteja com problemas, mas preocupa os investidores, uma vez que foi usado um instrumento que tem caráter de urgência", afirmou o professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Ricardo Almeida.
"A decisão do governo faz todo o sentido, mas não se pode ignorar os efeitos negativos", disse o economista chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani. Ele considerou correta a iniciativa do governo de ter instrumentos jurídicos para conter o avanço da crise. Mas ressaltou que, ainda que não se tenha informações concretas, a decisão gera suspeita no mercado quanto à situação dos bancos brasileiros. "A decisão reforçou o clima de insegurança no mercado financeiro."
Para Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating, a medida do governo significa mais uma alternativa para se enfrentar a redução de liquidez interna e evitar que a falta de crédito desacelere ainda mais o crescimento da economia. "As medidas anunciadas reduzem o tempo para que a retomada do crédito não seja tão demorada." Para o sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, a decisão do governo cria uma "rede de proteção" na hipótese de ocorrer algum tipo de abalo nos bancos de pequeno porte. "Os grandes bancos brasileiros são líquidos e sólidos."