O medo de um calote na Grécia e a saída surpreendente de um diretor do Banco Central Europeu (BCE) intensificaram a busca por proteção nesta sexta-feira, provocando a sétima alta seguida do dólar.
A moeda norte-americana avançou 1,04 por cento, a 1,6772 real. É o maior fechamento desde 17 de março.
Em relação a uma cesta com as principais divisas, o dólar subia 1,2 por cento às 17h, ao maior nível em seis meses. O euro, em queda de mais de 1,50 por cento, era cotado abaixo de 1,37 dólar pela primeira vez desde fevereiro.
A renúncia de Juergen Stark do conselho executivo do BCE demonstrou aos investidores a divisão dentro do banco sobre o programa de compra de bônus, que tem mantido países como Itália e Espanha capazes de se financiar no mercado ao manter em níveis mais baixos os juros de captação.
Também circularam rumores no mercado global a respeito de um possível calote da Grécia, que já recebeu dois pacotes de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia, mas não tem conseguido cumprir as metas de controle orçamentário. O ministro das Finanças grego disse que os rumores são apenas "especulação de mercado".
"O dólar está ajustando a (o que acontece) lá fora", disse o operador da corretora Renascença, José Carlos Amado.
A alta do dólar ante o real na semana, de 2,5 por cento, é até inferior à valorização de 3,2 por cento da moeda dos Estados Unidos no mesmo período ante as seis principais divisas --euro, libra esterlina, iene, franco suíço, dólar canadense e coroa sueca.
Se a situação piorar no exterior, o dólar pode alcançar o patamar de 1,70 real, disse Amado, o que pode até prejudicar o fluxo de dólares ao país, até agora positivo. "O próprio exportador pode ter a percepção de que (o dólar) pode ir para um patamar maior em função do cenário ruim lá fora".
A taxa Ptax, calculada pelo Banco Central (BC) e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a 1,6774 real para venda, em alta de 1,26 por cento.
O BC realizou um leilão de compra de dólares no mercado à vista, com taxa de corte de 1,6803 real.