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Medo de recessão “massacra” bolsas ao redor do mundo

Papéis do setor bancário lideraram as perdas em várias bolsas europeias. Na de Londres, que recuou 3,43%, as ações do Lloyds desabaram 10% | Stefan Wermuth/Reuters
Papéis do setor bancário lideraram as perdas em várias bolsas europeias. Na de Londres, que recuou 3,43%, as ações do Lloyds desabaram 10% (Foto: Stefan Wermuth/Reuters)
Veja o histórico da queda da Bovespa desde 2010 |

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Veja o histórico da queda da Bovespa desde 2010

A BM&F Bovespa terminou o dia de ontem com a maior queda desde novembro de 2008, derrubada pelo temor dos investidores sobre uma nova onda de problemas na economia global. O Ibovespa caiu 5,72%, atingindo os 52.811 pontos, a menor pontuação desde julho de 2009. Em rumo oposto, o dólar subiu 1,15%, negociado por R$ 1,581 no fim do dia.

Em uma lista de 15 bolsas de todo o mundo, a brasileira foi a que sofreu o pior tombo. Nos Estados Unidos, onde o mercado acionário teve seu pior dia desde o início de 2009, o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, caiu 4,31%. Na Europa, as perdas variaram de 3% a 5%. A Bolsa de Tóquio foi uma das poucas a subir, resultado da intervenção do governo japonês no mercado de câmbio, com o fim de reduzir os recentes ganhos do iene. Pressionados pelo temor de retração da demanda, os contratos futuros do petróleo despencaram 5,76% em Nova York e 5,28% em Londres.

Longe do fim

O mercado teme que os Estados Unidos entrem em uma nova recessão econômica e que os problemas de dívida da Europa não estejam nem perto de serem resolvidos. Nos EUA, um relatório sobre o mercado de trabalho divulgado ontem se somou aos sinais de desaceleração que faziam as bolsas cair desde o início da semana.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou que está comprando títulos governamentais em resposta à crise da dívida em países da região. Teme-se que Itália e Espanha entrem para o grupo de países que precisam de ajuda financeira para superar seus problemas de endividamento.

De acordo com John Wynne, chefe de estratégia para América do Norte do Barclays Capital, há dois meses investidores avaliavam que havia 15% de risco de que o mundo mergulhasse novamente em recessão neste ano. Agora, diz ele, a probabilidade está em 25%.

Governo

A agitação nos mercados financeiros globais elevou a tensão do governo com os rumos da economia internacional. A própria presidente Dilma Rousseff reconheceu ontem que a situação é crítica, como uma pneumonia crônica, em reunião com representantes das centrais sindicais.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o Brasil não está imune, mas defendeu que o país nunca esteve tão bem preparado para enfrentar uma crise. Afirmou também que não acredita num movimento de "overshooting" [valorização forte e rápida] no dólar.

BC europeu reativa medidas anticrise

O Banco Central Europeu (BCE) reativou ontem duas de suas mais potentes medidas anticrise em uma tentativa de impedir que a crise de dívida atinja a Itália e a Espanha. Em entrevista após a decisão do BCE de manter as taxas de juros, o presidente da instituição, Jean-Claude Trichet, anunciou que a instituição vai oferecer um leilão de seis meses de tamanho ilimitado na próxima semana. Ao mesmo tempo, segundo operadores, o BCE reabriu seu programa de compra de bônus de governos pela primeira vez em cinco meses.

Ao comprar os títulos, o BCE aumenta a liquidez nos mercados e ajuda a segurar as taxas de juros. As declarações de Trichet foram interpretadas como uma indicação de que o banco vai retomar as compras de títulos em breve, e provocaram volatilidade no euro e nos mercados de dívida da zona do euro.

Nesta semana, Espanha e Itália foram alvo de especuladores e os juros dos seus títulos no mercado secundário ultrapassaram 6%, recorde desde a criação do euro. O aumento dos custos de financiamento empurraram Grécia, Irlanda e Portugal para a necessidade de um socorro financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia. Existe o temor de que Itália e Espanha tenham o mesmo destino.

Na entrevista, Trichet reconheceu que os riscos de desaceleração no crescimento da economia "podem ter se intensificado" e que os indicadores recentes mostraram uma desaceleração no ritmo de expansão da Europa.

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