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Medo de recessão volta a derrubar mercados

Operador da bolsa de Nova York: números da atividade industrial, de preços e do desemprego derrubaram Wall Street | Brendan McDermid/Reuters
Operador da bolsa de Nova York: números da atividade industrial, de preços e do desemprego derrubaram Wall Street (Foto: Brendan McDermid/Reuters)

Mais uma onda de pânico tomou conta dos investidores ontem e trouxe uma disparada de vendas de ações que derrubou os mercados globais. Os negócios foram impactados por relatórios do Morgan Stanley, Goldman Sachs e Deutsche Bank que apontam uma piora da recuperação econômica global e pela divulgação de indicadores da economia americana com desempenhos mais negativos que os esperados por analistas.

Um dos dados que repercutiram mal foi o índice de atividade industrial do Federal Reserve da Filadélfia, que caiu a -30,7 em agosto (o menor patamar desde março de 2009), frente ao resultado positivo de 3,2 no mês anterior. Resultados acima de zero indicam expansão na área que abrange Pensilvânia, sul de Nova Jersey e Delaware. Os economistas esperavam que o índice caísse a 2, mas continuasse positivo.

Já as vendas de imóveis residenciais usados nos EUA encolheram 3,5% em julho e atingiram o menor nível deste ano, de 4,67 milhões de unidades. A expectativa era de um aumento de 4%. Além disso, o índice de preços ao consumidor dos EUA em julho subiu 0,5% ante o mês anterior, registrando sua alta mais acentuada desde março e superando as estimativas de analistas, que previam aumento de 0,3%.

"Se isso não é uma recessão, certamente parece com uma. E, se parece com uma, não importa se ela será comprovada ou não pelas estatísticas", disse John Hailer, presidente e executivo-chefe da Natixis Global Asset Management nos EUA e na Ásia. "Temos alguns problemas realmente difíceis à frente e realmente precisamos de liderança tanto no setor corporativo norte-americano quanto em Washington. Há muito nervosismo no mercado", acrescentou.

Previsões

Também contribuíram para essa percepção relatórios divulgados ontem pelo Morgan Stanley e pelo Goldman Sachs. Ambos os bancos revisaram para baixo suas estimativas sobre o crescimento da economia mundial em 2011 e 2012, diante dos indicadores fracos sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre divulgados pelos EUA e pelos países europeus (veja quadro nesta página). O Morgan Stanley afirmou que tanto os EUA quanto a zona do euro "estão pairando perigosamente perto da recessão".

"Se tivéssemos uma economia forte, provavelmente ignoraríamos parte dessas preocupações com a Europa, mas os números estão mostrando uma completa estagnação – estabilizamos e parece não existir uma melhora contínua", disse Randy Frederick, diretor de operações e derivativos da Charles Schwab. Para ele, o clima continuará negativo "enquanto esses problemas continuarem ecoando e as notícias trouxerem esses assuntos à tona".

Bovespa

A Bovespa chegou a tombar 5,13% na mínima do dia, mas fechou aos 53.134 pontos – queda de 3,52%, desempenho melhor que o das principais bolsas europeias. "Nossa bolsa tem muito estrangeiro. Então, quando contamina lá fora, respinga aqui. É difícil reverter essa queda", avaliou Erick Scott-Hood, analista da SLW corretora.

408 mil pedidos de seguro-desemprego foram feitos na semana passada nos Estados Unidos – 9 mil a mais que na semana anterior, aumento acima do esperado por analistas do mercado financeiro. O indicador mostra que o mercado de trabalho americano ainda enfrenta dificuldades para se recuperar. No entanto, um bom sinal é a média das últimas quatro semanas: 402 mil pedidos do benefício por semana, 3,5 mil a menos que nas quatro semanas anteriores.

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