Preocupado com a possibilidade de aumento do calote no comércio, o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, enviará hoje uma carta aos seus 800 mil associados recomendando, pela primeira vez, moderação na oferta de crédito. "Indicaremos aos associados um aperto de parafuso da concessão de crédito", disse. "O aconselhamento é importante principalmente para o pequeno lojista, que não tem essa análise e não toma medidas preventivas", acrescentou.Para o executivo, não há motivo para preocupação com uma possível queda nas vendas após o "fechamento da torneira" porque o mercado está "comprador" no momento. Não se trata de negar crédito é preciso, segundo ele, puxar o consumo para um nível em que a inadimplência não seja significativa. "É sinalizar para o consumidor que não gaste mais do que ganhe", explicou.
Cadastro
Isso significa, conforme Pellizzaro Junior, que o lojista precisa ficar mais atento ao perfil de seu cliente e verificar itens como gastos com energia elétrica e comprometimento com pagamento de aluguel, entre outros itens que podem ser sondados no momento em que o cadastro para o pagamento a prazo é feito. "Pior do que não vender é vender e não receber", afirmou.
A avaliação da CNDL de que a demanda estava reprimida e tem ganhado força com o aumento do emprego e dos salários recebeu base técnica após a divulgação, anteontem, pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), de que a maior parte das famílias brasileiras registrou em 2010 um gasto mensal acima da renda média mensal. "Isso acende a luz amarela", resumiu o presidente.
O termômetro do movimento do comércio da Confederação, que é feito com base nos dados de pagamentos parcelados ou com cheque, indica o momento "comprador". As vendas do varejo subiram 0,26% de março para abril e 7,23% no mês passado na comparação com abril de 2010. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o crescimento foi de 2,77%. A surpreendente alta verificada em abril diz respeito à data da Páscoa. Em 2010, a festa ocorreu antes de a maior parte dos trabalhadores receberem seus salários, o que influencia no momento da compra.