Comércio de rua em Curitiba: momento é “comprador”, segundo presidente da CNDL| Foto:

Contrapartida

Entidade pede que consumidor seja mais criterioso nos gastos

A recomendação da CNDL está em linha com o alerta feito pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, na semana passada. Ele sugeriu que os consumidores postergassem seus gastos e passassem a poupar para aproveitar o momento de alta de juros. Pellizzaro Junior, porém, aperfeiçoou a recomendação. "É preciso repensar o consumo a crédito", comentou. "Não queremos que o cliente deixe de consumir, mas que seja mais criterioso. Comprar à vista ou em prazo mais curto é diferente de não consumir", argumenta.

Dados da CNDL mostram que a inadimplência subiu 3,50% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, apesar de ter registrado um leve recuo de 1,55% na comparação com março – a redução está ligada a fatores sazonais. O que preocupa é o resultado acumulado do ano, que vem subindo a cada mês. Em janeiro, o calote estava 10,09% menor do que no mesmo mês de 2010. No primeiro bimestre, passou a ser positivo (0,10%), e no trimestre apresentou variação maior ainda (1,81%). De janeiro a abril, a alta chegou a 2,24% em relação ao mesmo quadrimestre de 2010.

"O brasileiro realmente se endividou um pouco acima de sua capacidade e, em muitos casos, o comércio voltou a ampliar os prazos para acomodar a alta dos juros e manter o nível de venda, o que tira a visibilidade do aumento de juro", considerou o presidente da CNDL. "O brasileiro ainda olha mais para o valor da parcela do que quanto gasta com juro", continuou. Ontem, a Gazeta do Povo mostrou como o comércio de Curitiba adotou com sucesso os prazos mais longos para não perder clientes.

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Preocupado com a possibilidade de aumento do calote no comércio, o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, enviará hoje uma carta aos seus 800 mil associados recomendando, pela primeira vez, moderação na oferta de crédito. "Indicaremos aos associados um aperto de parafuso da concessão de crédito", disse. "O aconselhamento é importante principalmente para o pequeno lojista, que não tem essa análise e não toma medidas preventivas", acrescentou.Para o executivo, não há motivo para preocupação com uma possível queda nas vendas após o "fechamento da torneira" porque o mercado está "comprador" no momento. Não se trata de negar crédito – é preciso, segundo ele, puxar o consumo para um nível em que a inadimplência não seja significativa. "É sinalizar para o consumidor que não gaste mais do que ganhe", explicou.

Cadastro

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Isso significa, conforme Pellizzaro Junior, que o lojista precisa ficar mais atento ao perfil de seu cliente e verificar itens como gastos com energia elétrica e comprometimento com pagamento de aluguel, entre outros itens que podem ser sondados no momento em que o cadastro para o pagamento a prazo é feito. "Pior do que não vender é vender e não receber", afirmou.

A avaliação da CNDL de que a demanda estava reprimida e tem ganhado força com o aumento do emprego e dos salários recebeu base técnica após a divulgação, anteontem, pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), de que a maior parte das famílias brasileiras registrou em 2010 um gasto mensal acima da renda média mensal. "Isso acende a luz amarela", resumiu o presidente.

O termômetro do movimento do comércio da Confederação, que é feito com base nos dados de pagamentos parcelados ou com cheque, indica o momento "comprador". As vendas do varejo subiram 0,26% de março para abril e 7,23% no mês passado na comparação com abril de 2010. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o crescimento foi de 2,77%. A surpreendente alta verificada em abril diz respeito à data da Páscoa. Em 2010, a festa ocorreu antes de a maior parte dos trabalhadores receberem seus salários, o que influencia no momento da compra.