Cerca de 600 produtores de leite participam hoje e amanhã, em Cascavel, do primeiro Mega Leite, evento organizado com o objetivo de elevar a produção do setor no Oeste e no Sudoeste do Paraná, hoje estimada em 2,5 milhões de litros por dia. "Podemos dobrar o leite com novas tecnologias, principalmente no caso do pequeno e do médio produtor", sustenta Mário Sossela Filho, agropecuarista que ajuda a organizar o evento. Ele diz que o setor não sente mais os efeitos da crise gerada pela suspeita de febre aftosa, que surgiu há um ano, e está pronto para voltar a crescer.
Entre as novas tecnologias apresentadas, o uso de ultra-som promete ampliar o controle dos criadores sobre a rotina reprodutiva das vacas e novilhas. O conforto oferecido às vacas nas mangueiras e nos estábulos também é tema de discussão. Os especialistas orientam os produtores a tratar melhor os animais, sensíveis à temperatura, à umidade, ao barulho e aos insetos.
A raça determina a produção de leite, mas não há vaca holandesa que alcance a marca de 45 litros por dia sem a adoção de técnicas adequadas, defende Sossela. "Quanto mais apurada a raça, mais dependemos da tecnologia para produzir leite", afirma.
Apesar da bacia Oeste-Sudoeste ser apontada como a maior fonte de leite do Paraná, a região ainda não consolidou um evento técnico sobre a cadeia produtiva. Para buscar qualificação, os produtores viajam aos Campos Gerais e a outros estados, como São Paulo, a Minas Gerais, a Goiás. A proposta do Centro de Difusão Tecnológica da Fazenda Iguaçu, de Cascavel, que organiza o Mega Leite, é transformar o evento num encontro anual de aperfeiçoamento.
Na primeira edição, a meta também é valorizar o produto da casa. Nos intervados, nada de "coffee break". Os participantes vão saborear o "milk break", só com produtos derivados de leite, como iogurtes e queijos especiais.
Como fontes de informações tecnológicas, o Mega Leite aposta em palestrantes brasileiros e norte-americanos. Especialistas da Universidade de São Paulo (USP) dividem atenção com palestrantes da Michigan State University e da University of Wisconsin.
O palestrante Paulo Machado, da USP, reconhecido como maior autoridade do Brasil no gerenciamento da atividade leiteira, afirma que o setor tem conhecimento das novas tecnologias, mas nem sempre sabe como utilizá-las da forma adequada. Ele afirma que as margens de lucro apertadas forçam pequenos e médios produtores a melhorar a produtividade.
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