O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o trabalho do BC tem como meta "manter a economia brasileira funcionando sem sofrer os efeitos exagerados (da crise) no exterior". Depois de votar em Anápolis - revelando que escolheu o candidato do PT, Antonio Gomide -, Meirelles festejou o acúmulo de reservas que o País fez ao longo dos últimos anos, mesmo sendo criticado por alguns economistas.
O Brasil está hoje em "condições muitos melhores para enfrentar a turbulência internacional". A acrescentou: "Isso mostra o acerto da nossa acumulação de reservas cambiais no passado, que foi tão criticada, o acerto da nossa acumulação de posições no mercado futuro de câmbio, o que foi tão criticado e que hoje passa a ser tão vital". Meirelles lembrou também dos elevados "depósitos compulsórios das instituições financeiras em reais", o que deixou os bancos brasileiros menos vulneráveis à crise, e fez uma espécie de desabafo: "Portanto, isso mostra que o trabalho valeu a pena". O Brasil está usando uma porcentagem mínima das reservas cambiais, que atingiram US$ 200 bilhões, para, por meio de leilões, enfrentar a rápida valorização do dólar.
MP 443
Sobre a Medida Provisória 443, que deu ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal (CEF) poderes para comprarem posições acionárias nos mercados financeiros até o limite da estatização, Meirelles disse que "não compete ao Banco Central participar da estruturação do diálogo político entre o Executivo e o Legislativo" para aprovar a MP. "Existe um ministro encarregado (desse diálogo) que está em andamento. Estamos (BC) disponíveis para prestar esclarecimentos sobre essa medida e todas as medidas já tomadas", afirmou.
Na avaliação de Meirelles, as decisões tomadas pelo governo brasileiro têm sido aprovadas, dentro e fora do País. Algumas são "preventivas" e não são "facilmente entendidas no momento em que são anunciadas". O importante, acrescentou, "é que mandamos uma mensagem à sociedade brasileira, que estamos tomando medidas necessárias, fazendo com que, se for necessário, essa medidas possam ser usadas. É a tranqüilidade de que as medidas estão disponíveis".
Na viagem a Miami, sexta-feira, onde recebeu o prêmio Financista do Ano, da revista Latin Trade, Meirelles disse que consolidou a percepção de que "há um processo de desalavancagem mundial de todos os países, com restrições de liquidez internacional, particularmente em dólar.