O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, apresentou nesta segunda, durante reunião ministerial realizada na Granja do Torto, em Brasília, projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2010 de até 5%. A informação foi divulgada pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio, que fez um resumo à imprensa da primeira parte do encontro.
De acordo com ele, as projeções apresentadas pelo presidente do BC vão de 2,5% a 5%, com teto previsto por "um escritório americano". Múcio relatou também que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, traçou o atual cenário econômico, que tem a crise financeira internacional como pano de fundo, e, segundo Múcio, "os dados são confortáveis". O ministro das Relações Institucionais citou que o crescimento do PIB brasileiro este ano ficará acima da média mundial, que há a geração de postos de trabalho e que a indústria já voltou a contratar.
Na primeira parte da reunião, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ressaltou o desempenho das exportações brasileiras no primeiro semestre, com destaque para os países da Ásia, que passaram a ser grandes compradores dos produtos brasileiros. "Os números do primeiro semestre estão melhores do que os de 2008", constatou Múcio com base na explanação de Stephanes.
Com relação a notícias de que a secretária da Receita Federal, Lina Vieira, teria sido demitida pelo ministro Guido Mantega, Múcio não confirmou a informação e disse que esse é um assunto do Ministério da Fazenda e, portanto, não foi tratado na reunião ministerial
Ação anticíclica
Mantega fez uma apresentação em que ressaltou que o governo tem feito uma política anticíclica de combate à crise internacional com responsabilidade fiscal. No documento da apresentação na reunião divulgado pelo ministério, Mantega destaca que a dívida pública está controlada.
Na apresentação, Mantega classificou a política fiscal adotada de "ativa" e destacou a expansão dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos programas sociais. O ministro também de ressaltou o programa habitacional "Minha Casa Minha Vida" e as desonerações tributárias para estimular o crescimento econômico. Mantega afirmou que houve aumento nas vendas de geladeiras (26%), fogões (5%), máquina de lavar (30%) e material de construção (10%). Também ressaltou a melhora da produção industrial e a redução do custo financeiro, como a queda da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 6,25% para 6% ao ano.
Em balanço das medidas adotadas até agora para enfrentar a crise Mantega afirmou que o crédito foi restabelecido em parte, mas juros e spread ainda estão altos. O mercado interno, segundo ele mantém a demanda com a recuperação do nível de emprego na maioria dos setores. Para o ministro, também tem havido recomposição da confiança. Ele avaliou, na reunião, que o ciclo de ajuste de estoques da indústria completou-se e previu que o setor deve voltar a crescer no segundo semestre. Para Mantega, as medidas adotadas no Brasil foram mais eficientes do que na maioria dos países. Ele previu crescimento do PIB do Brasil de 4 5% em 2010 e de 5% em 2011.
O ministro ressaltou na reunião que o País deve aproveitar a crise como oportunidade: "sair na frente, ocupar mercados e comprar empresas no exterior". Durante a apresentação, o ministro avaliou que os bancos públicos sustentaram o crescimento do crédito após a crise. Segundo ele, desde o agravamento da crise em setembro de 2008, as operações de crédito dos bancos públicos cresceram 19,5%, enquanto as operações dos bancos privados tiveram aumento de apenas 2,5%. A participação dos bancos públicos no total do crédito livre, nos dados apresentados por Mantega, atingiu 37,7%, crescimento de 3 5 pontos porcentuais desde setembro.
Ele também destacou que as reservas internacionais mantêm-se elevadas, em US$ 208,8 bilhões (posição do dia 3 de julho). Segundo ele, também houve redução dos depósitos compulsórios dos bancos em R$ 100 bilhões, queda dos juros básicos e repasse de R$ 100 bilhões do Tesouro ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para ele, a crise colocou à prova a economia do País, que passou pelo teste de estresse. Ele afirma que crise "amainou mais não acabou". Na sua avaliação tem havido maior confiança nos EUA, mas mercados continuam fracos e o desemprego oscila.
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