O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira que a valorização recente do real frente ao dólar tem de ser vista no contexto de desvalorização global da moeda norte-americana.
Meirelles também ressaltou que os agentes econômicos já aprenderam uma "lição dolorosa" no passado ao apostar que os mercados só se moviam numa direção.
Durante audiência pública em comissão do Congresso, Meirelles também disse acreditar que este não é o momento de o país retomar a taxação de fluxos de capital estrangeiro com Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Na abertura desta quarta-feira, o dólar rompeu o piso de 2,00 reais pela primeira vez desde outubro, refletindo a percepção de melhora do cenário econômico mundial. A divisa fechou o dia a 2,016 reais, com queda de 0,25 por cento.
"Não é o caso agora (de adotar o IOF)", afirmou Meirelles aos parlamentares. Ele disse que a entrada de dólares no país tem sido direcionada principalmente à compra de ações, à concessão de empréstimos e a investimentos diretos, e que seria um "contrassenso" a imposição de barreiras a esses recursos.
"Há um fenômeno mundial de desvalorização do dólar", afirmou Meirelles ao comentar a apreciação recente do real.
Ele destacou que, enquanto o real subiu 2,4 por cento em relação ao dólar desde 8 de maio, o euro avançou 2,7 por cento no mesmo período.
O BC retomou no dia 8 os leilões de compra de dólar no mercado à vista, operações que não eram feitas desde setembro do ano passado.
No final da audiência, em rápida entrevista, Meirelles disse julgar que o momento atual é adequado para o acúmulo de reservas internacionais, e não para a venda de contratos de swap cambial reverso --que, na prática, funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro.
"No passado, os swaps foram usados em casos de desequilíbrios de liquidez nos mercados futuros", afirmou Meirelles a jornalistas, acrescentando que o BC poderá voltar a vender esses contratos sempre que considerar adequado.
ESPAÇO PARA CRESCER
Sobre a atividade econômica no país, Meirelles afirmou que as taxas atuais de uso da capacidade instalada das empresas mostram que o Brasil "tem espaço para crescer", sem pressionar a inflação.
Ele também destacou que a trajetória do emprego no país, apesar de despertar preocupação, é mais favorável do que nos demais países.
Segundo Meirelles, a captação de recursos por bancos de pequeno e médio portes com aval do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) já somou 6 bilhões de reais desde que o programa de garantias adicionais a CDBs emitidos pelas instituições foi lançado, no final de março.
Ele acrescentou que os recursos têm contribuído para a restauração do crédito no país.