O ex-diretor do Banco Central (BC) José Júlio Senna afirmou que será melhor para a economia do País que o presidente do BC, Henrique Meirelles, permaneça no cargo mesmo que se filie a um partido político até 3 de outubro. Com a filiação, Meirelles poderia concorrer a um cargo público no próximo ano, que pode ser o de governador de Goiás.
"Em tese, seria melhor não ter filiação partidária. Mas ele já mostrou desde 2003, quando passou a dirigir o BC, que está executando suas funções com correção e eficiência. E isso não vai mudar pelo fato de estar ligado a um partido", comentou. "Há muitos desafios pela frente e seria melhor que Meirelles continuasse no cargo até quando tomasse uma decisão definitiva sobre seu futuro, o que poderá ocorrer em março. Entretanto, ele pode definir lá na frente que não vai concorrer a nada e ficar no BC até o encerramento da atual administração.
Ele ressalta que o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, é filiado ao Partido Republicano e nem por isso a sua independência, elevada reputação de economista e isenção são questionadas. Ele destaca um fator que blinda a gestão da política monetária no Brasil de pressões políticas: as decisões relativas à trajetória da Selic - taxa básica de juros - são definidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que é um colegiado de dirigentes do BC, cuja organização institucional evita que as decisões sejam adotadas de forma personalista.
Para Senna, a presença de Meirelles no cargo continua essencial porque há uma possibilidade pequena, mas significativa, que a recuperação da economia mundial não seja definitiva. "Ninguém neste planeta tem certeza que a crise global acabou de vez", comentou. Segundo ele, indicadores em vários países apresentam sinais de melhora. Mas podem ser registrados dois trimestres de evolução do nível de atividade internacional e depois pode ocorrer um novo mergulho, o que caracterizaria um movimento econômico no formato de W.
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