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política monetária

Meirelles diz que, se for necessário, governo intervirá no câmbio

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira (16), após um encontro com investidores americanos em Nova Iorque, que se houver necessidade haverá intervenção no mercado de câmbio para deter a desvalorização do dólar diante do real.

- Da mesma forma que nós intervimos quando houve valorização excessiva do dólar, poderemos intervir no caso oposto, também sob a forma de leilões. O Banco Central tem uma política de compra de reservas e de absorver os excessos, quando existem, e de suprir as deficiências, quando elas se apresentam, como aconteceu no ano passado quando houve uma crise de liquidez para remessas de repatriação de capital. Naquela ocasião, o Banco Central vendeu dólares. E, nos momentos em que há entradas de saldos elevados de capital, permite-se ao Banco Central intervir e adquirir reservas. É o que temos feito consistentemente desde 2004 - disse Meirelles.

Segundo ele, o ponto forte da política monetária brasileira é que ela não se baseia apenas numa estratégia para enfrentar a crise, e sim num conjunto de medidas que fortaleceram a economia brasileira.

- Nós recorremos a intervenções no mercado de câmbio fazendo leilões, nós liberamos capital dos depósitos compulsórios quando houve problemas de liquidez, nós usamos partes das reservas nacionais para substituir o capital externo quando este começou a faltar. Há, enfim, uma estratégia de política monetária que conta com vários instrumentos - diz Meirelles.

Ele confirma a previsão do Banco Central de que a economia brasileira deve crescer 0,8% este ano e tornar-se uma das raras economias do mundo com a se expandir em 2009. Mas nega que o Brasil vá seguir o exemplo de outras economias que já elevam suas taxas de juros por causa dos primeiros sinais de recuperação da atividade econômica.

Meirelles sustenta sua previsão de crescimento no fato de a economia brasileira vir registrando uma crescente demanda interna, seguida da expansão do sistema de crédito doméstico. E o país, segundo ele, também conta com "condições macroeconômicas favoráveis, apesar do mercado externo desfavorável, sobretudo no que se refere à economia americana". Ele garante que, se existir problemas de fluxo externo de capital para o Brasil, o Banco Central vai voltar a recorrer às reservas nacionais para suprir eventualidades.

_ Os EUA está num processo de recuperação econômica, que é lento se comparado a recuperações anteriores, mas as autoridades americanas estão preparadas para enfrentar os problemas, inclusive o aumento da dívida pública, que vai requerer necessidade de consolidação no futuro. Mas não agora, em que a prioridade é a recuperação do nível da atividade econômica _ comentou Meirelles.

O presidente do Banco Central disse que já existe consenso entre as principais economias do mundo sobre os pontos a serem adotados. Ele explica que os pontos de consenso são: todas instituições financeiras devem ter um colchão de reserva de capital, acima do capital mínimo, a ser construído durante o período de expansão, como medida contracíclica; em segundo lugar, deve haver um colchão de liquidez; em terceiro lugar, é muito importante que todas as transações que apresentem risco estejam registradas no balanço da instituição e que tenham capital alocado. Meirelles citou em quarto lugar a exigência de que todas as entidades que operam no mercado financeiro sejam reguladas e supervisionadas. E finalmente, caso exista mais de um regulador em um país, é fundamental que exista uma consistência de regulação.

_ No Brasil, adotamos 3% para este capital de reserva anticrise, além do mínimo, que no Brasil é de 11% e que está acima do recomendado pelo encontro da Basiléia, que é de 8%. Hoje, a média do sistema brasileiro oscila entre 16% e 17%, mas Basiléia vai dar uma numeração precisa para isto. No Brasil, o colchão de liquidez são os depósitos compulsories, uma medida que se mostrou muito eficiente. Mas o fundamental é que todos concordam em que haja regulaçao e concordam também que cada país deve fazer a sua parte, mesmo que não haja um órgão internacional para regular a economia mundial, o que pode até não sair do papel _ avaliou Meirelles.

Ele nega que o Brasil possa aumentar os juros no curto prazo, a exemplo do que vem sendo feito noutros países, ao primeiro sinal de recuperação econômica. Ele disse que também acredita que a alta da atividade econômica vai compensar eventuais quedas de receita que o governo tenha.

_ Nós não comentamos política de juros. Isto cabe ao Copom. Mas o importante é sublinhar que o Brasil não faz politica monetária por analogia. É arriscado as pessoas acharem que, porque um país adotou uma medida, outro deverá adotar a mesma providência. As estretégias de saída da crise são diferentes de uma país para o outro e no caso do Brasil esta estratégia foi muito bem sucedida. Nós trabalhamos com metas de inflação e todas as nossas ações estão baseadas nas nossas projeções de inflação. Temos previsão de 4,4% de inflação para 2010 e fazemos nosso planejamento com base na meta que temos e que todos conhecem _ garante Meirelles.

Nos encontros que manteve com investidores americanos e autoridades do governo, Meirelles diz ter percebido que existe muita preocupação quanto à política monetária brasileira depois de janeiro de 2011 ou mesmo depois de abril de 2010, caso ele decida candidatar-se a um caso eletivo.

_ A todos os que me perguntaram eu dei a mesma resposta: confio no compromisso do presidente Lula em garantir a estabilidade da economia e o cumprimento da meta de inflação, com quem quer que ocupe a presidência do Banco Central, caso eu decidir me candidatar. E quanto a 2011, bem, isto depende do resultado da eleição, mas não tenho dúvidas que o próximo presidente saberá valorizar os ganhos do país com a estabilidade econômica e com uma política monetária que benefiou toda a população e fez com que 25 milhões de brasileiros saíssem da pobreza para entrar na classe média.

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