O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, debateu nesta quarta-feira (11) a situação da economia com o nome mais falado para substituí-lo no ministério, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Em entrevista, Meirelles disse não ter recebido “convite concreto” para substituir Levy. Mas o mercado financeiro reagiu à sua fala durante o evento como se ele estivesse prestes a assumir o cargo.
“Questão de se eu aceitaria ou não aceitaria, tenho uma postura há muito tempo que eu não trabalho, não penso nem falo sobre hipótese. Só trabalho com situação concreta. Acho que o importante hoje é definirmos o que precisa ser feito no Brasil”, respondeu Meirelles, ao ser questionado por repórteres.
A Bolsa de São Paulo fechou em alta de 1,86%, aos 47.065,01 pontos, puxada pelos boatos da troca no ministério. Durante a manhã, o dólar chegou a mergulhar de R$ 3,7760 para a faixa de R$ 3,70, mas ao longo do dia o movimento perdeu força, com a avaliação de que a presidente Dilma Rousseff resiste a fazer a substituição, e a moeda americana fechou com resultado mais modesto, uma queda de 0,32%, a R$ 3,7669.
Encontro inesperado
Levy e Meirelles estiveram juntos no Encontro Nacional da Indústria (Enai), promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com a agenda lotada, Levy teve de atrasar sua participação no evento e sua fala acabou coincidindo com a palestra do ex-presidente do BC. Para não causar mal-estar, os responsáveis pelo evento consultaram Levy e Meirelles se o encontro os incomodaria. Ambos responderam que não, almoçaram juntos, cumprimentaram-se publicamente e posaram para fotos.
As cotações no mercado financeiro oscilaram com o discurso de Meirelles. Em sua apresentação, que foi acompanhada por Levy da primeira fila da plateia, o ex-presidente do BC disse que é preciso reconhecer a gravidade do cenário econômico brasileiro.
“São números que apontam para um cenário recessivo que não há dúvida que temos de reconhecer a gravidade”, avaliou, antes de ponderar que o país está muito mais forte do que nas últimas décadas.
Meirelles disse que é preciso olhar o Brasil não só no curto prazo, mas de uma forma a permitir um crescimento sustentável.