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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta quarta-feira (27), durante audiência na Comissão Mista de Orçamento no Congresso Nacional, que um eventual problema gerado pela entrada maciça de dólares no País poderia ser enfrentado com a fixação de alíquotas de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A afirmação foi feita em resposta a um parlamentar que questionou sobre as alternativas que a autoridade monetária teria para tentar impedir que a entrada volumosa de dólares gerasse problemas na economia brasileira, como para os exportadores.

"O Brasil já usou uma opção que era o IOF. Se em algum momento for necessário, este é um instrumento que poderia ser utilizado. Não estou dizendo que vamos usar", afirmou Meirelles, ao defender que eventuais problemas gerados por excesso de ingresso de dólares devem ser atacados de forma "direta" e não com o uso de instrumentos como a quarentena, opção citada pelo parlamentar na pergunta. Meirelles afirmou ainda que essa opção (IOF) não será usada, porque, na sua avaliação, "não está configurado esse quadro" de entrada maciça de dólares.

O presidente do BC rechaçou o uso de medidas para controlar a taxa de câmbio. "Não existe sucesso de controle do câmbio. As tentativas de manipulação feitas pelas autoridades monetárias não são bem-sucedidas." Ele lembrou que o Brasil já tentou adotar controle nos anos 90 e a Argentina chegou a dolarizar toda a economia. "E nós tivemos problemas. A maioria dos países já se livrou desses controles", disse Meirelles, ao comentar que a maioria dos países usa regime de câmbio flutuante, no qual as cotações da moeda oscilam conforme uma série de fatores, como o ingresso de investimento produtivo, saldo comercial e crédito externo. "Isso não é negativo. Não vamos bloquear. Seria um contrassenso.

Sobre a entrada de dólares que se observa atualmente no Brasil, Meirelles afirmou que o BC constatou que esses recursos têm ingressado predominantemente para aplicações na Bolsa de Valores investimentos produtivos e empréstimos externos. Ele também relacionou a queda recente do dólar no Brasil à oscilação dos preços internacionais das matérias-primas (commodities). O dólar comercial fechou cotado a R$ 2,015 no mercado interbancário de câmbio hoje, o menor valor desde 1º de outubro de 2008. Durante o dia, a moeda chegou a ser negociada abaixo de R$ 2,00 (a taxa mínima registrada durante a sessão foi de R$ 1,998).

Arbitragem

O presidente do BC negou que a recente entrada de dólares no Brasil tenha sido gerada por um movimento de investidores estrangeiros interessados em aproveitar a diferença entre a taxa de juro praticada no Brasil e em outros países, a chamada arbitragem. "Não. Os números mostram que, até agora, a entrada de dólares tem sido gerada pela retomada do crédito, aumento do investimento em bolsa e IED (investimento externo direto)", disse ao responder a um parlamentar que questionava se o patamar atual da Selic seria o responsável pela atração de dólares nas últimas semana. "Isso não é resultado de diferencial de taxa de juro", reforçou.

O presidente do BC negou as ideias que sugerem o uso da taxa de juro como fator para influenciar a oscilação da taxa de câmbio. "A experiência mostra que não dá para ter equilíbrio interno e externo ao mesmo tempo. Não é a taxa de juro que vai dar equilíbrio externo", afirmou.

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