O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sinalizou nesta quinta-feira que o controle do Banco Panamericano, detido pelo Grupo Silvio Santos, deve ser vendido. Meirelles também frisou que a autoridade monetária não pode garantir que nenhum outro banco do sistema financeiro apresente problemas.
"O Grupo Silvio Santos entregou como garantia do empréstimo todo seu patrimônio empresarial. Então é plausível se imaginar que para viabilizar os recursos para o pagamento do empréstimo, que uma das medidas possa ser a venda de participação acionária no banco", disse Meirelles a jornalista, após participar de audiência pública em Comissão de Orçamento.
O Panamericano anunciou na terça-feira à noite que o grupo Silvio Santos, acionista controlador, aportou 2,5 bilhões de reais na empresa, para corrigir inconsistências contábeis.
Os recursos foram obtidos por meio de empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que teve como garantia as empresas do grupo Silvio Santos. O pagamento será feito no prazo de 10 anos.
"A Caixa (Econômica Federal) vai começar a executar seu plano de negócio juntamente com o sócio e, possivelmente com um novo sócio que entrar no lugar do sócio controlador, na medida em que ele teria que vender sua participação para pagar o FGC", disse Meirelles, durante a audiência.
A Caixa, que comprou 49% do capital votante do banco em dezembro do ano passado, descarta colocar mais dinheiro no Panamericano e também assumir o controle do banco, disse à Reuters na quarta-feira uma fonte com conhecimento do assunto, sob condição de anonimato.
Meirelles disse que, do total de 2,5 bilhões de reais aportados pelo controlador, 2,1 bilhões de reais disseram respeito a problemas encontrados nas carteiras do banco e 400 milhões de reais, a questões relacionadas a cartão de crédito.
Destacando que cartões de créditos não são regulados pelo BC, Meirelles não deu detalhes sobre o assunto.
Risco moral
Questionado por parlamentares se o Banco Central poderia garantir que nenhuma outra instituição financeira do país teria o mesmo tipo de situação, Meirelles disse que não é função do BC dar esse tipo de garantia. Em vez disso, afirmou, a responsabilidade do órgão é de fiscalizar.
"Nenhum banco central do mundo pode assumir responsabilidades futuras, garantir que todas as instituições do sistema não têm problema nenhum", afirmou. Porque o governo federal estaria assumindo um passivo incontingente de proporções incomensuráveis".
"Seria a criação de um incomensurável risco moral."
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