O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou nesta tarde que a redução das taxas de juros no Brasil é um processo em andamento. "Todos nós desejamos taxas de juros mais baixas no País. Estamos caminhando para isso", disse, em palestra na abertura do Fórum de Economia provido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Meirelles afirmou que a taxa real (descontada a inflação) da Selic (juros básicos da economia brasileira) está no seu nível mais baixo da história, em menos de 6% ao ano, e que estava em 18% em 2003. O presidente do BC observou que essa queda tem um custo e que o Brasil enfrenta hoje problemas de uma sociedade estruturada para operar com juros altos.
Ele disse que, agora, é preciso discutir problemas como o dos fundos de pensão, que precisam garantir uma rentabilidade mínima e do rendimento da caderneta de poupança, que, com novas reduções da taxa Selic, poderá se tornar mais atrativa que outras aplicações
Recuperação
Na palestra, o presidente do BC afirmou ainda que o Brasil está claramente em uma trajetória de recuperação da economia, mas é preciso ter cuidado com o excesso de otimismo. "O Brasil dá sinais de recuperação na margem, mas isso não quer dizer que acabou (a crise). Não podemos dizer que temos que nos preocupar com os problemas pós-crise. O excesso de otimismo é perigoso e pode levar a uma decepção, ao primeiro dado negativo", disse Meirelles.
Acrescentou que o Brasil já está sendo visto por outros mercados como um dos países que sairão mais fortes desta crise. Segundo Meirelles, o Brasil já é visto como um dos locais preferenciais para investimentos.
Crédito
Na videoconferência, o presidente do BC enumerou as medidas adotadas pelo BC para ajudar a recompor a escassez de crédito internacional. Lembrou que o BC já fez leilões de dólares, no formato de empréstimos (que não são descontados do valor das reservas), no total de U$$ 24,5 bilhões, dos quais US$ 12,9 bilhões já foram devolvidos ao Banco Central. Além disso, outros US$ 14,5 bilhões foram vendidos no mercado à vista. Meirelles lembrou que o BC já parou de atuar no mercado à vista por causa da normalização desse mercado.
Segundo Meirelles, no início da crise, o crédito doméstico e o crédito externo no Brasil somavam US$ 717 bilhões, dos quais US$ 620 bilhões eram domésticos. Com a crise, lembrou, caiu muito a rolagem do crédito externo, o que fez com que o Banco Central interviesse para recompor a perda de recursos externos.