O lema dos cicloativistas "menos carros, mais bicicletas" faz sentido também na economia: no ano em que a indústria automotiva deve atingir a marca recorde de 3,82 milhões de unidades produzidas, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, o número de bicicletas comercializadas no país será cerca 40% maior, totalizando 5,4 milhões de unidades marca próxima ao recorde de 5,5 milhões estabelecido em 2008.
O volume de vendas para este ano, estimado pela Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas e Bicicletas (Abraciclo), coloca a indústria do setor próxima do seu patamar recorde, movimentando mais de R$ 850 milhões e consolidando o Brasil como quinto mercado consumidor e o terceiro maior fabricante de bicicletas do mundo.
Esses números, contudo, podem estar subestimados, pois não incluem a chamada "indústria informal", de empresas que importam componentes separadamente e montam as bicicletas no país. "O mix de produtos é muito grande e as montadoras não fornecem esses números. A informalidade não nos permite ter a real situação do segmento no país", diz o diretor-executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes. Segundo ele, as importações de bicicletas cresceram em média 50% ao ano nos últimos cinco anos, prejudicando o desenvolvimento da indústria local.
Invasão chinesa
Segundo revendedores nacionais, atualmente cerca de 70% das peças e equipamentos das bicicletas da Caloi e 100% dos componentes da Monark são "made in China" As duas são as principais fabricantes nacionais do setor.
Para tentar reduzir a marcha da invasão das bikes, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) elevou na semana passada de 20% para 30% a alíquota de importação de bicicletas. A justificativa do governo foi a de proteger a competitividade da indústria nacional.
Mercado em alta
O aquecimento do mercado das bicicletas tem impulsionado o lançamento de novos modelos e produtos. A Caloi, líder do mercado brasileiro com 35% de market share, espera vender neste ano 1 milhão de bicicletas, com crescimento de 25% sobre 2010. Em faturamento, a empresa pretende crescer 30%, atingindo R$ 300 milhões.
De acordo com a fabricante, uma das oportunidades de crescimento está justamente no segmento da mobilidade. "Com vários produtos lançados durante o ano e o crescimento da categoria, as vendas da empresa no segmento mais que dobraram", informa a empresa.
Nas próximas semanas, chegará ao mercado a primeira bicicleta dobrável da marca, a Caloi Urbe. O modelo é facilmente desmontável e pesa menos de 12 quilos. O lançamento é uma tentativa de atender os usuários que buscam a integração da bicicleta com outros modais, como metrô, trem e ônibus. O preço ficará em torno de R$ 1,5 mil.
Mas, de acordo com o vendedor da bicicletaria Portella André Guilherme Kelczeski, é possível encontrar bons equipamentos a partir de R$ 700. "Abaixo disso, a qualidade dos componentes pode ficar aquém do recomendado e os gastos com manutenção acabarão sendo maiores", orienta.
Segundo ele, conforme vai sentindo a necessidade, o usuário pode dar um upgrade no equipamento. A partir daí, não há limites. Alguns modelos importados e bicicletas mais sofisticadas, usados por atletas de alto desempenho, chegam a custar R$ 35 mil o preço de um carro zero quilômetro.
Interatividade
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