André Haim, gerente da Agência da Bicicleta: novos modelos têm ajudado a criar novos ciclistas | Antônio Costa/ Gazeta do Povo
André Haim, gerente da Agência da Bicicleta: novos modelos têm ajudado a criar novos ciclistas| Foto: Antônio Costa/ Gazeta do Povo

Preços

A inflação no retrovisor

Um sinal do aquecimento do mercado de bicicletas pode ser medido pela inflação de peças e equipamentos. Um espelho retrovisor, item de segurança para quem usa a bicicleta no trânsito da cidade, mais que dobrou de preço em menos de 12 meses.

Um modelo de espelho convexo, importado da China, que custava R$ 16 no ano passado, hoje não é encontrado por menos de R$ 35 – uma alta de quase 120%.

No mesmo período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que baliza as metas do Banco Central, subiu 7,23%. Isso significa que, se fosse corrigido apenas pela inflação média, o espelho retrovisor hoje estaria custando bem menos – mais precisamente, R$ 17,15. (ACN)

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No pedal, ingleses movem "uma Londrina"

Um estudo publicado recentemente pela London School of Economics revela que, ao pedalar, os ingleses ajudam a movimentar 3 bilhões de libras esterlinas (o equivalente a R$ 8 bi­­lhões) ao ano na economia do país. Para efeito de comparação, o volume é 60% maior que todo o orçamento de Curitiba previsto para 2012. E equivalente ao Pro­­duto Interno Bruto (PIB) da cidade de Londrina.

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Busca por mobilidade muda perfil dos clientes

Enquanto boa parte da nova classe média brasileira ainda sonha com o status da motorização, representado pela compra do carro zero quilômetro, um outro grupo redescobre a bicicleta como um meio de transporte limpo, barato, eficiente e saudável. Con­­ceitos como sustentabilidade, mobilidade e cicloativismo têm ajudado a impulsionar uma mu­dança no perfil dos consumidores.

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O lema dos cicloativistas – "menos carros, mais bicicletas" – faz sentido também na economia: no ano em que a indústria automotiva deve atingir a marca recorde de 3,82 milhões de unidades produzidas, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, o número de bicicletas comercializadas no país será cerca 40% maior, totalizando 5,4 milhões de unidades – marca próxima ao recorde de 5,5 milhões estabelecido em 2008.

O volume de vendas para este ano, estimado pela Associação Brasileira de Fabricantes de Mo­­tocicletas e Bicicletas (Abraciclo), coloca a indústria do setor próxima do seu patamar recorde, mo­­vimentando mais de R$ 850 mi­­lhões e consolidando o Brasil como quinto mercado consumidor e o terceiro maior fabricante de bicicletas do mundo.

Esses números, contudo, podem estar subestimados, pois não incluem a chamada "indústria informal", de empresas que importam componentes separadamente e montam as bicicletas no país. "O mix de produtos é muito grande e as montadoras não fornecem esses números. A informalidade não nos permite ter a real situação do segmento no país", diz o diretor-executivo da Abraciclo, Moacyr Alberto Paes. Segundo ele, as importações de bicicletas cresceram em média 50% ao ano nos últimos cinco anos, prejudicando o desenvolvimento da indústria local.

Invasão chinesa

Segundo revendedores nacionais, atualmente cerca de 70% das peças e equipamentos das bicicletas da Caloi e 100% dos componentes da Monark são "made in China" As duas são as principais fabricantes nacionais do setor.

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Para tentar reduzir a marcha da invasão das bikes, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) elevou na semana passada de 20% para 30% a alíquota de importação de bicicletas. A justificativa do governo foi a de proteger a competitividade da indústria nacional.

Mercado em alta

O aquecimento do mercado das bicicletas tem impulsionado o lançamento de novos modelos e produtos. A Caloi, líder do mercado brasileiro com 35% de market share, espera vender neste ano 1 milhão de bicicletas, com crescimento de 25% sobre 2010. Em faturamento, a empresa pretende crescer 30%, atingindo R$ 300 milhões.

De acordo com a fabricante, uma das oportunidades de crescimento está justamente no segmento da mobilidade. "Com vários produtos lançados durante o ano e o crescimento da categoria, as vendas da empresa no segmento mais que dobraram", informa a empresa.

Nas próximas semanas, chegará ao mercado a primeira bicicleta dobrável da marca, a Caloi Urbe. O modelo é facilmente desmontável e pesa menos de 12 quilos. O lançamento é uma tentativa de atender os usuários que buscam a integração da bicicleta com outros modais, como metrô, trem e ônibus. O preço ficará em torno de R$ 1,5 mil.

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Mas, de acordo com o vendedor da bicicletaria Portella André Guilherme Kelczeski, é possível encontrar bons equipamentos a partir de R$ 700. "Abaixo disso, a qualidade dos componentes po­­de ficar aquém do recomendado e os gastos com manutenção acabarão sendo maiores", orienta.

Segundo ele, conforme vai sentindo a necessidade, o usuário pode dar um upgrade no equipamento. A partir daí, não há limites. Alguns modelos importados e bicicletas mais sofisticadas, usados por atletas de alto desempenho, chegam a custar R$ 35 mil – o preço de um carro zero quilômetro.

Interatividade

O que levaria você a trocar o carro pela bicicleta?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.brAs cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

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