Apesar de ainda estar em processo de maturação no Brasil, o comércio eletrônico vem crescendo nos últimos anos em número de usuários e dinheiro movimentado a projeção da consultoria especializada E-bit é de que o mercado feche 2013 com faturamento de R$ 28 bilhões, 25% a mais que no ano anterior. No país, o perfil do comprador fiel via web é de um adulto de 30 a 40 anos, dos dois gêneros, geralmente de classe média (inclusive da classe C emergente). No Paraná, porém, as compras eletrônicas são coisa de gente bem mais jovem.
INFOGRÁFICO: Perfil do consumidor de comércio eletrônico no estado
Segundo pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo à Paraná Pesquisas, a maior fatia de moradores do estado que compram pela internet (36,41%) é de consumidores que têm de 16 a 24 anos , sempre com alta escolaridade e renda. O estudo aponta que, no Paraná, o porcentual de clientes de lojas virtuais é de cerca de 19% da população índice de entrevistados que afirmaram ter comprado algo pela internet nos últimos 90 dias. A pesquisa indica que pode haver leve aumento deste porcentual, uma vez que 21,22% dos consultados confirmaram que têm interesse em comprar pelo e-commerce nos próximos três meses.
Também chama atenção o fato de os homens serem os principais compradores via web no estado (25% contra 18% das mulheres). Uma conclusão possível é de que o morador do Paraná que compra pela internet é geralmente um cidadão jovem que conhece bem as ferramentas digitais e busca praticidade, preço baixo e produtos que não são encontrados facilmente em lojas físicas.
"Na cesta de compras deste público geralmente estão produtos de moda, artigos esportivos e eletrônicos. O público mais velho costuma comprar mais eletrodomésticos, produtos para casa, alimentos e bebidas", avalia o diretor-geral da E-bit, Pedro Guasti. O porcentual de compradores dos últimos 90 dias é considerado uma boa média por especialistas em e-commerce, porque equivale a uma parcela de pessoas que podem ser consideradas público fiel. O recorte paranaense mostra uma tendência de abertura do consumidor para o varejo on-line.
O fato de homens comprarem mais que mulheres no estado foge do panorama brasileiro, mas pode ser um efeito da queda nas ofertas dos antigos sites de compras coletivas, afirma o consultor Bruno Maletta, da M.Sense. "As mulheres sobressaíram na época das compras coletivas, porque havia mais ofertas para elas. Mas isso caiu e voltou a haver um cenário mais masculino", avalia. Outros aspectos do estudo como a preferência pelas compras com cartão de crédito e em sites nacionais seguem o padrão brasileiro.
E-commerce ainda não faz parte da rotina
O brasileiro gosta de tecnologia, mas ainda está longe de ser como o coreano, que faz até compras de supermercado por meio de displays virtuais nos metrôs. Os especialistas concordam que as compras virtuais ainda são para o brasileiro sinônimo de oportunidade de economia, mas não necessariamente uma ferramenta corriqueira.
Os motivos para isso são o frete, ainda alto na comparação com padrões internacionais, e a demanda tecnológica. "O desafio das lojas ainda é ter rentabilidade", afirma Pedro Guasti, da E-bit. "Os obstáculos são muitos. O Brasil é um país gigante, com guerra tributária entre estados, problemas de transporte e monopólio de entregas por uma estatal [Correios] que faz greves anuais".
Outro desafio para o futuro será conseguir visibilidade em um mercado cada vez mais cheios de players. Para Eduardo Aguiar, diretor-geral da consultoria WebStorm, a aposta terá de ser em ações de marketing. "Todos os lojistas precisam divulgar produto", diz. Hoje, existe a forçosa divulgação por buscadores de ofertas e por links patrocinados em empresas como Google e Yahoo!. Aliás, o consumidor tem de aprender a lidar com o marketing virtual. "Links patrocinados não costumam garantir que a empresa é idônea", afirma Aguiar.