Nos últimos 35 anos, a principal mudança no perfil energético do Brasil foi a redução da dependência do petróleo importado. A Petrobrás focou seus esforços na prospecção de óleo em território nacional, principalmente em águas profundas. A busca da matéria-prima em outros países caiu de 46% da necessidade nacional, no início dos anos 70, para 13% em 2004. Apesar de ter dotes para o uso de fontes alternativas, o peso do petróleo no Brasil está na média mundial, um pouco abaixo de 40% de toda a energia consumida.

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"Como outros países, o Brasil também tem o desafio de substituir as fontes de energia para combustão", diz o diretor de gestão corporativa da Copel Luiz Antônio Rossafa. O álcool de cana é a alternativa mais avançada e tem, inclusive, potencial para ser exportado. Hoje o país produz cerca de 15 bilhões de litros do combustível por ano. As exportações devem chegar a 2,5 bilhões de litros em 2005.

O presidente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena, diz que o setor está investindo na expansão da área plantada e na construção de usinas. "Estamos aumentando o plantio em áreas de pastagens de baixo rendimento. É uma fronteira com 2,5 milhões de hectares no Brasil", afirma.

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Para Luiz Antônio Rossafa, deveria haver uma discussão mais aprofundada sobre a adoção do biodiesel no país. Diversas fábricas do combustível buscam suas matérias-primas com produtores de mamona, girassol e soja, mas Rossafa coloca que há plantas com maior rendimento de óleo e que teriam custo de produção mais baixo. Um dos exemplos é o pinhão-manso. "É uma cultura perene, com potencial muito bom e que precisa ser melhor estudada", sugere.

Outro problema energético com o qual o país precisará lidar é a limitação para o aumento das fontes hidráulicas. No Paraná, por exemplo, as principais bacias já são usadas para a geração. Outras têm potencial para projetos de pequeno e médio porte, mas o impacto ambiental pode inviabilizar as obras. "Os rios de aproveitamento mais fácil foram esgotados. Agora os projetos grandes ficarão mais longe e mais caros, com o custo ainda de inundar áreas em regiões delicadas, como a Amazônia", analisa a especialista em oferta de energia Virgínia Parente, professora da Universidade de São Paulo. (GO)