Presidente do BNDES afirma que debate econômico no Brasil vive um negacionismo além do que foi vivido na saúde e ambiental.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda (20) que o Brasil vive uma espécie de “negacionismo no debate econômico” após ter enfrentado na saúde pública e na questão ambiental.

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A fala ocorreu durante o anúncio de R$ 100 bilhões em investimentos do setor siderúrgico no país até 2028, no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB).

Mercadante criticou ainda a ideia de uma abertura comercial “unilateral”, qualificando-a como “ingênua e insustentável”.

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“Não só tivemos, no Brasil, um negacionismo na saúde pública, um negacionismo ambiental, mas tem um negacionismo no debate econômico. Essa ideia de abertura comercial unilateral é ingênua e é insustentável no mundo que nós estamos vivendo”, afirmou.

Aloizio Mercadante mencionou que, nos últimos 20 anos, o BNDES investiu R$ 39 bilhões na indústria siderúrgica e afirmou que o banco está disposto a reforçar a presença no setor. De acordo com ele, é preciso reverter o que seria uma desindustrialização do Brasil e uma relação “mais criativa” entre o governo e o mercado.

“Não é voltar ao modelo anterior. Mas, um Estado que induz, um Estado que seja parceiro, um Estado que ajude a financiar e ajude a defender o setor produtivo, porque o protecionismo está por toda a parte”, completou.

No mesmo evento, Lula comemorou o fato de a empresa norte-americana Boeing ter desistido de comprar a Embraer em 2020, atribuindo a dois acidentes aéreos envolvendo aviões Boeing 737 Max 8 em 2018 e 2019.

“Esse país vai voltar a crescer e junto com o crescimento desse país, a indústria do aço. Para isso, é preciso fazer crescer a indústria automobilística, é preciso fazer crescer a indústria da construção civil, é preciso voltar a crescer a indústria naval, é preciso voltar a Embraer a vender mais avião. Outro dia a Embraer era uma empresa quase quebrada, foi vendida para a Boeing. Ainda bem que a Boeing teve um desastre e não quis mais a Embraer. Ela [Embraer] agora voltou a ser coqueluche no mundo da aviação”, pontuou.

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Empresas do setor siderúrgico anunciaram nesta segunda (20) um investimento de R$ 100,2 bilhões no Brasil até 2028, mas detalhes sobre como esse montante será distribuído ou aplicado não foram divulgados.

O anúncio dos investimentos ocorre pouco depois do governo estabelecer cotas de importação por um ano para 11 tipos de produtos de aço, além de uma taxação de 25% sobre o que exceder os limites estabelecidos. Em fevereiro, o governo já havia restaurado tarifas de importação para cinco itens. Essas medidas visam proteger a indústria nacional contra a concorrência de produtos estrangeiros -- principalmente da China.

De acordo com o Instituto Aço Brasil, o Brasil importou cerca de 1,3 milhão de toneladas de aço entre janeiro e março deste ano, representando um aumento de 25,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Nos últimos anos, o setor siderúrgico brasileiro tem criticado a concorrência desleal do aço estrangeiro, que, segundo eles, impede o aumento da produção nacional.

O Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil informou que o setor siderúrgico investiu R$ 162 bilhões nos últimos 15 anos e emprega atualmente 2,9 milhões de pessoas.

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Apesar disso, as siderúrgicas brasileiras operam com cerca de metade de sua capacidade instalada, produzindo 26,6 milhões de toneladas de aço, enquanto poderiam produzir até 51 milhões. Em 2023, 26% do aço consumido no Brasil foi importado, sendo 58% deste total proveniente da China.

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