O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda (20) que o Brasil vive uma espécie de “negacionismo no debate econômico” após ter enfrentado na saúde pública e na questão ambiental.
A fala ocorreu durante o anúncio de R$ 100 bilhões em investimentos do setor siderúrgico no país até 2028, no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB).
Mercadante criticou ainda a ideia de uma abertura comercial “unilateral”, qualificando-a como “ingênua e insustentável”.
“Não só tivemos, no Brasil, um negacionismo na saúde pública, um negacionismo ambiental, mas tem um negacionismo no debate econômico. Essa ideia de abertura comercial unilateral é ingênua e é insustentável no mundo que nós estamos vivendo”, afirmou.
Aloizio Mercadante mencionou que, nos últimos 20 anos, o BNDES investiu R$ 39 bilhões na indústria siderúrgica e afirmou que o banco está disposto a reforçar a presença no setor. De acordo com ele, é preciso reverter o que seria uma desindustrialização do Brasil e uma relação “mais criativa” entre o governo e o mercado.
“Não é voltar ao modelo anterior. Mas, um Estado que induz, um Estado que seja parceiro, um Estado que ajude a financiar e ajude a defender o setor produtivo, porque o protecionismo está por toda a parte”, completou.
No mesmo evento, Lula comemorou o fato de a empresa norte-americana Boeing ter desistido de comprar a Embraer em 2020, atribuindo a dois acidentes aéreos envolvendo aviões Boeing 737 Max 8 em 2018 e 2019.
“Esse país vai voltar a crescer e junto com o crescimento desse país, a indústria do aço. Para isso, é preciso fazer crescer a indústria automobilística, é preciso fazer crescer a indústria da construção civil, é preciso voltar a crescer a indústria naval, é preciso voltar a Embraer a vender mais avião. Outro dia a Embraer era uma empresa quase quebrada, foi vendida para a Boeing. Ainda bem que a Boeing teve um desastre e não quis mais a Embraer. Ela [Embraer] agora voltou a ser coqueluche no mundo da aviação”, pontuou.
Empresas do setor siderúrgico anunciaram nesta segunda (20) um investimento de R$ 100,2 bilhões no Brasil até 2028, mas detalhes sobre como esse montante será distribuído ou aplicado não foram divulgados.
O anúncio dos investimentos ocorre pouco depois do governo estabelecer cotas de importação por um ano para 11 tipos de produtos de aço, além de uma taxação de 25% sobre o que exceder os limites estabelecidos. Em fevereiro, o governo já havia restaurado tarifas de importação para cinco itens. Essas medidas visam proteger a indústria nacional contra a concorrência de produtos estrangeiros -- principalmente da China.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, o Brasil importou cerca de 1,3 milhão de toneladas de aço entre janeiro e março deste ano, representando um aumento de 25,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Nos últimos anos, o setor siderúrgico brasileiro tem criticado a concorrência desleal do aço estrangeiro, que, segundo eles, impede o aumento da produção nacional.
O Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil informou que o setor siderúrgico investiu R$ 162 bilhões nos últimos 15 anos e emprega atualmente 2,9 milhões de pessoas.
Apesar disso, as siderúrgicas brasileiras operam com cerca de metade de sua capacidade instalada, produzindo 26,6 milhões de toneladas de aço, enquanto poderiam produzir até 51 milhões. Em 2023, 26% do aço consumido no Brasil foi importado, sendo 58% deste total proveniente da China.
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