O preço baixo atrai milhares de pessoas para os hipermercados no fim de semana, mas uma conversa com os consumidores mostra que eles não abandonam os mercadinhos nas compras do dia-a-dia. Pesquisa do Instituto Nielsen mostra que o consumidor tende a comprar cada vez mais no pequeno varejo (categoria que inclui padarias, mercearias e mercados de até quatro caixas) e reduzir o peso das compras em grandes lojas no orçamento familiar.
A "turma dos pequenos" é responsável por 34% do faturamento global do mercado de consumo do país, participação que tende a subir. No ano passado, o faturamento cresceu 2,5%, contra queda de 4,5% no resultado dos hipers. A tendência vale até mesmo para Curitiba, capital com maior índice de hipermercados no Brasil (um para cada 141 mil habitantes).
As razões para a mudança de hábito do consumidor são de ordem prática, econômica e até sentimental: os clientes gostam de comprar em lugares que conhecem desde a infância e perto de casa. O atendimento é ágil e caseiro e as lojas são ideais para repor poucos itens que faltam na despensa.
O pão e a carne, por exemplo, são incluídos com freqüência pelos compradores na lista de vantagens. "Os grandes mercados trabalham muito com a embalagem a vácuo e pré-embalados, e as pessoas preferem ver a carne sendo cortada do seu jeito", diz Valmor Rovaris, superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras).
O metalúrgico Hélio Prochno se desmancha em elogios quando fala do Mercado Boa Vista, que fica perto de sua casa, no bairro de mesmo nome, enquanto está no caixa sem fila. "Venho aqui pelo bom atendimento, boa qualidade e preço mais barato. A carne é maravilhosa, não tem igual no hipermercado."
"Compro aqui desde que me mudei para o bairro, há sete anos. A carne é a melhor que existe", diz a aposentada Avany Penteado, ao escolher seu sabonete. "Essa marca não tem no hipermercado", diz, mostrando o produto.
O diretor da Associação Paranaense dos Fornecedores de Supermercados (Assosuper), Moacir Moura, explica o porquê da preferência. "São estabelecimentos de atendimento mais rápido, não têm filas e você fala com o dono."
Com toda a preferência pelos mercadinhos e resultados melhores de faturamento, as grandes redes buscam elevar sua rentabilidade investindo também em formatos menores no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas, por aqui, as bandeiras Dia% (Carrefour), Wal-Mart Todo Dia e Extra Perto e Extra Fácil não têm previsão de desembarque. "O crescimento delas não tem sido significativo nas grandes praças, e perdem para lojas que criaram relação com a vizinhança por longos anos", avalia Rovaris, da Apras.
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