Preferência - Eles agradam mesmo com preço mais alto

Apesar da preferência do consumidor, o preço dos produtos vendidos nos pequenos mercados, em geral, não está entre os mais baratos. "O preço é um pouco mais alto, mas o mercado fica a uma quadra e meia de casa e o atendimento é bom. Compro pão aqui quase todo dia", disse o dentista Gino Kopp enquanto encomendava o pãozinho no Challela, do Guabirotuba.

Mas há exceções. A doméstica Irene da Silva compra sempre no Nosso Supermercado, do bairro São Lourenço. "Nos grandes mercados tem dias de promoção, mas aqui tudo é mais barato."

Pesquisa divulgada no início do mês pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Pro Teste mostrou que, entre 57 lojas de Curitiba, os preços mais baixos estão nas lojas Mercadorama da Rua Bom Jesus, no Cabral, e Big da Rua Winston Churchill, no Capão Raso, e vários mercadinhos estão entre os mais careiros.

A pesquisa percorreu 787 supermercados de 13 capitais brasileiras e revelou que Curitiba tem os produtos médios mais baratos. Para fazer o levantamento foram selecionadas as 97 mercadorias mais consumidas pelos brasileiros, divididas em duas cestas (marcas líderes e menor preço). Em ambas a média curitibana foi a menor entre os mercados do país, de R$ 234 e R$ 172, respectivamente, pelo segundo ano consecutivo.

Para a Associação Paranaense dos Supermercados (Apras), o motivo do preço baixo de Curitiba está na forte concorrência do setor na cidade, que tem um hipermercado para cada 141 mil habitantes e um supermercado para cada 3,8 mil pessoas. (HC)

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O preço baixo atrai milhares de pessoas para os hipermercados no fim de semana, mas uma conversa com os consumidores mostra que eles não abandonam os mercadinhos nas compras do dia-a-dia. Pesquisa do Instituto Nielsen mostra que o consumidor tende a comprar cada vez mais no pequeno varejo (categoria que inclui padarias, mercearias e mercados de até quatro caixas) e reduzir o peso das compras em grandes lojas no orçamento familiar.

A "turma dos pequenos" é responsável por 34% do faturamento global do mercado de consumo do país, participação que tende a subir. No ano passado, o faturamento cresceu 2,5%, contra queda de 4,5% no resultado dos hipers. A tendência vale até mesmo para Curitiba, capital com maior índice de hipermercados no Brasil (um para cada 141 mil habitantes).

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As razões para a mudança de hábito do consumidor são de ordem prática, econômica e até sentimental: os clientes gostam de comprar em lugares que conhecem desde a infância e perto de casa. O atendimento é ágil e caseiro e as lojas são ideais para repor poucos itens que faltam na despensa.

O pão e a carne, por exemplo, são incluídos com freqüência pelos compradores na lista de vantagens. "Os grandes mercados trabalham muito com a embalagem a vácuo e pré-embalados, e as pessoas preferem ver a carne sendo cortada do seu jeito", diz Valmor Rovaris, superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras).

O metalúrgico Hélio Prochno se desmancha em elogios quando fala do Mercado Boa Vista, que fica perto de sua casa, no bairro de mesmo nome, enquanto está no caixa – sem fila. "Venho aqui pelo bom atendimento, boa qualidade e preço mais barato. A carne é maravilhosa, não tem igual no hipermercado."

"Compro aqui desde que me mudei para o bairro, há sete anos. A carne é a melhor que existe", diz a aposentada Avany Penteado, ao escolher seu sabonete. "Essa marca não tem no hipermercado", diz, mostrando o produto.

O diretor da Associação Paranaense dos Fornecedores de Supermercados (Assosuper), Moacir Moura, explica o porquê da preferência. "São estabelecimentos de atendimento mais rápido, não têm filas e você fala com o dono."

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Com toda a preferência pelos mercadinhos e resultados melhores de faturamento, as grandes redes buscam elevar sua rentabilidade investindo também em formatos menores no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas, por aqui, as bandeiras Dia% (Carrefour), Wal-Mart Todo Dia e Extra Perto e Extra Fácil não têm previsão de desembarque. "O crescimento delas não tem sido significativo nas grandes praças, e perdem para lojas que criaram relação com a vizinhança por longos anos", avalia Rovaris, da Apras.

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