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Entrevista

“Mercado aberto, com liberdade, se aplica a economias maduras”

“Há um quê de reciprocidade [no aumento do IPI sobre importados]. Tente montar uma indústria na China. Os empresários não conseguem. Além disso, as moedas chinesa e sul-coreana estão subvalorizadas e, com isso, perdemos competição. As medidas do governo equalizam, mesmo que temporariamente, essas distorções.” | Walter Alves/ Gazeta do Povo
“Há um quê de reciprocidade [no aumento do IPI sobre importados]. Tente montar uma indústria na China. Os empresários não conseguem. Além disso, as moedas chinesa e sul-coreana estão subvalorizadas e, com isso, perdemos competição. As medidas do governo equalizam, mesmo que temporariamente, essas distorções.” (Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo)

Diretor-presidente do Grupo Marajó, com sede em Londrina, Flavio Meneghetti foi eleito ontem para a presidência da Federação Nacional da Distri­buição de Veículos Automotores (Fenabrave), em substituição a Sergio Reze. Londrinense "de coração", Meneghetti é formado em Administração pela Funda­ção Getulio Vargas, em São Paulo (FGV-SP), e pós-graduado na mesma instituição.

O Grupo Marajó, presidido por Meneghetti, tem concessionárias da Fiat em Londrina, Apucarana, Ivaiporã e Caxias do Sul (RS). Ele foi presidente e participou ativamente da Associa­ção Brasileira dos Con­cessio­nários de Automóveis Fiat (Abra­caf). Assim, aproximou-se da Fenabrave e atualmente é um dos vice-presidentes da entidade.

Meneghetti conversou com a Gazeta do Povo por telefone e falou sobre as expectativas do mercado automotivo brasileiro para o ano que vem, além de dar sua opinião sobre temas polêmicos, como o aumento da tributação sobre veículos importados.

O senhor está assumindo a Fenabrave em um momento no qual o governo vem agindo para proteger as montadoras nacionais. Qual sua opinião sobre o aumento de tributos sobre carros importados?

É claro que um mercado aberto, com mais liberdade, é muito melhor, mas isso se aplica a uma economia madura, como a dos EUA, por exemplo. Aqui, estamos em outro nível, precisamos gerar emprego e renda. Se deixarmos o mercado muito aberto, a indústria corre o risco de se desnacionalizar, como já acontece em alguns setores, como o têxtil.

As expectativas para o setor automotivo mudaram neste ano. Como o senhor avalia 2011?

As previsões que fizemos foram mais otimistas. Prevíamos um crescimento real entre 8% e 10%, mas no segundo semestre o mercado se acomodou e deve fechar na casa dos 5%. Esse é o crescimento médio, porque as marcas nacionais ficarão, na média, abaixo de 5%. O crescimento se deu muito pelos importados.

Em 2012, com a crise na União Europeia, o crescimento deve se repetir?

O quadro será um pouco menor ou até o mesmo, algo em torno de 4,5% ou 5%. O governo estava fe­­chando a caixa de ferramentas, como o aumento dos juros, por exemplo, e agora deve apresentar novas medidas de incentivo para continuar a crescer. Em um mundo com crescimento muito pequeno, crescer 3,5%, como está a previsão para a economia brasileira em 2012, é para se bater palmas.

Quais são os efeitos de um crescimento na ordem de 3,5% sobre a indústria automotiva?

Sempre que há um crescimento de 3%, a indústria cresce menos. Os efeitos bons para toda a cadeia se dão quando a economia cresce pelo menos 3,5%, com mais empregos e aumento na renda da população. Porém é preciso que o crédito volte no ano que vem, porque neste segundo semestre diminuiu um pouco.

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