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Mercado de longo prazo

Oportunidades de trabalho para brasileiros de nível técnico e superior devem existir ainda por um bom tempo em Angola.

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Futebol e religião facilitam integração de estrangeiros

Num primeiro momento, o crescimento da economia de Angola faz inveja, lembrando os índices do milagre econômico brasileiro. Em 2006, o PIB cresceu 14%, chegando a US$ 28,6 bilhões. Taxas altas como essa se repetem a cada ano, embaladas pelo crescimento do setor petroleiro, responsável por metade do PIB e 90% das exportações.

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Por estarem fora do noticiário diário, as oportunidades de trabalho nos países da África são praticamente ignoradas. Estima-se que 3 mil brasileiros trabalhem atualmente em Angola, "chamariz africano" para pessoas de diversas áreas de atuação e níveis de escolaridade. Depois de 27 anos de guerra civil, o país está sendo reconstruído e sua rede de serviços vem sendo aprimorada.

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Assim como muita gente passa alguns anos trabalhando nos Estados Unidos ou na Europa para fazer o pé-de-meia, em Angola há ofertas de emprego para estrangeiros com salários que variam de US$ 1,5 mil a US$ 7 mil, dependendo do nível de capacitação – já que recrutadores têm dificuldade de encontrar profissionais com diploma universitário e experiência de trabalho entre a população angolana.

O domínio do português é uma vantagem para brasileiros em seleções de multinacionais com atuação em Angola. Quando aceitou proposta da norueguesa Aker Kvaerner para trabalhar em Luanda, o administrador de empresas Nelson Kretzer viu seu salário passar de R$ 5 mil para US$ 5 mil. Há nove meses no novo emprego, ele considera uma grande contribuição para a carreira o fato de ter uma experiência internacional, com colegas de várias nacionalidades, com quem conversa em inglês.

"Mas o custo de vida é altíssimo", contou, durante férias de julho passadas em Curitiba. "Se levasse meus três filhos para estudar no colégio internacional de Luanda, que é o único com um bom nível, gastaria US$ 9 mil por mês", diz, explicando por que desistiu de levar a família para a África e pensa em voltar ao Brasil.

"Não é fácil sair de um condomínio onde você tem todo o conforto e ver crianças sentadas no lixo no meio da rua", recorda. Como as condições de saneamento e higiene alimentar deixam a desejar, é comum que medicamentos contra malária e febre amarela sejam artigos de primeira necessidade.

Também há oportunidades para quem não tem curso superior. Donos de habilidades manuais ou prestadores de serviços, como na área de alimentação, têm campo em Angola. Profissões desejadas são a de pedreiro, azulejista, encanador, eletricista etc. A área de construção é a que mais emprega – motivo pelo qual a mineira Andrade Gutierrez é uma das empresas com maior número de contratos no país.

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O Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social de Angola estima que em 2006 e 2007 sejam criados 70 mil empregos nos setores da construção civil e obras públicas. A Comércio de Casas Paraná, que faz casas de madeira pré-moldadas, já enviou 15 carpinteiros para montar seus produtos por lá, como autônomos. Vários acabaram ficando, mas não deixam de contar as mazelas. "De tanto ouvir as histórias, parece que eu mesmo já fui. Eles contam sobre roubos, corrupção, falta de segurança", diz o contador da empresa, Osmar Campestrini.

Além dos autônomos, pequenos e grandes empresários passam a ver Angola como uma chance de estender seus negócios além-mar – mais ou menos como os portugueses viram o Brasil a partir do século XVI.

O empresário Fabiano Araújo, de Marília (interior de São Paulo), está de olho na rentabilidade prometida pelo mercado angolano. Sua empresa, a PharmaSystem, deve desembarcar no continente africano ano que vem, levando um software desenvolvido por ele para automação em farmácias e drogarias.

Como o custo de um produto como esse naquele país é 70% maior do que no Brasil, ele espera alcançar faturamento anual de R$ 150 mil após cinco anos. No Brasil, ele fatura em média R$ 35 mil por mês.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e diretora da agência Nossa, Marilda Morschel, recomenda alguns cuidados prévios. "Procure referências do contratante e converse com quem já trabalhou lá", diz. "E não vá atrás de qualquer anúncio de emprego."

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Capacitação

Diversos programas em curso em Angola buscam capacitar os angolanos, para que o país adquira aos poucos autonomia na prestação de serviços. Essa também é uma oportunidade de mercado. Em Curitiba, o Instituto Paranaense de Cegos tem convênio com o consulado de Angola há cinco anos para ensinar deficientes visuais. Hoje a escola abriga sete jovens de 14 a 19 anos. "Lá não há especialidade em braile", explica o presidente do instituto, Manoel dos Passos, referindo-se à escrita para cegos.

No projeto da Kvaerner, que fabrica equipamentos para prospecção de petróleo, maior riqueza nacional, uma das metas é treinar os funcionários locais – cujos salários são metade do que é pago a estrangeiros.