Medidas
O plano de ajustes aprovado pelo Parlamento italiano inclui medidas importantes para reduzir a colossal dívida pública do país, de 1,9 trilhão de euros.
Venda de propriedades públicas
A Itália venderá boa parte do seu patrimônio imobiliário, quase todo nas mãos do Exército, bem como terrenos agrícolas para reduzir a enorme dívida pública, que corresponde a 120% do PIB. Silvio Berlusconi informou, em outubro, que o volume destes cortes deve alcançar 15 bilhões de euros em três anos. Os investidores poderão adquirir tais bens com títulos da dívida.
Privatizações
As autoridades regionais e municipais poderão iniciar a privatização de empresas públicas, entre elas as de energia, transportes, aquedutos e lixo.
Pensões
A idade para a aposentadoria será atrasada para 67 anos em 2026 (contra 65 anos, atualmente). a norma confirma medidas já adotadas, devido ao aumento da expectativa de vida.
Enxugamento da máquina pública
O objetivo é reduzir a burocracia, um dos grandes males da Itália, e estender a toda a península zonas com "burocracia zero" para que as empresas se dirijam a um único escritório para realizar todos os trâmites. Da mesma forma, será simplificada a papelada no âmbito da Justiça civil.
Emprego
Serão dados incentivos fiscais para reduzir o desemprego de jovens e serão favorecidos a contratação de recém-formados, o horário reduzido e o trabalho a distância com meios telemáticos.
Desenvolvimento de infraestrutura
Deduções fiscais e compensações às empresas por participar da construção de novas autoestradas e infraestrutura com a finalidade de estimular o crescimento da economia.
Função pública
Maior flexibilidade para os funcionários públicos que trabalharem em escritórios com excesso de pessoal receberão uma indenização por dois anos de 80% do salário por aceitar a transferência.
Bancos dos EUA divulgam exposição à dívida europeia
Agência Estado
As crescentes preocupações com a crise na zona do euro estão levando alguns dos maiores bancos do planeta, incluindo os norte-americanos, a divulgar mais informações sobre sua exposição, de acordo com o Wall Street Journal. Mesmo assim, o fluxo de novas informações ainda não arrefeceu os temores de uma crise, principalmente porque os investidores continuam em dúvida sobre até que ponto as estratégias de hedge dos bancos terão sucesso em um choque financeiro na zona do euro.
Os bancos de investimento J.P. Morgan Chase & Co. e Goldman Sachs Group Inc. (GS) publicaram tabelas detalhando sua exposição para Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, números que eles não haviam divulgado em outros trimestres. Pela primeira vez o resultado trimestral do Morgan Stanley trouxe relatórios sobre suas posições europeias de trading e empréstimos em seis países.
As perdas potenciais do banco nesses países geralmente ficam bem abaixo do limite que os bancos costumam divulgar. Na maior parte do ano passado, muitos resistiram aos pedidos de investidores por mais informações sobre as perdas que poderiam enfrentar, dizendo que eles estavam bem protegidos.
Em um período de intenso sentimento negativo, mesmo as novas informações não aliviaram a pressão. Dúvidas sobre a saúde da Itália derrubaram as ações do Morgan Stanley em 9% na última quarta-feira e provocaram o primeiro fechamento da ação do Goldman abaixo de US$ 100 em três semanas.
Embora as empresas de Wall Street tenham um volume bem menor de dívida soberana da zona do euro que as europeias, as preocupações devem permanecer em função de a empresa norte-americana MF Global ter apostado de forma expressiva na dívida da Europa. "Nós estamos em um período de intenso ceticismo referente aos balanços das instituições financeiras", disse Herb Lurie, diretor administrativo da Guggenheim Partners, uma firma de investimento com mais de US$ 125 bilhões em ativos.
A pressão dos investidores contra a Itália e a Espanha voltou a crescer ontem nos mercados financeiros da Europa. Em um sinal de que os investidores continuam apostando na instabilidade política nos dois países o primeiro com um novo governo, e o segundo com eleições previstas para o fim de semana , o ágio pelos papéis voltou a superar a casa dos 6% ontem. O custo da falta de credibilidade é elevado: só a Espanha espera refinanciar 7,5 bilhões de euros nesta semana.
Ainda sem uma resposta definitiva sobre o novo governo italiano, as bolsas de valores das principais capitais voltaram a fechar no vermelho (veja quadro nesta página). Sob esse pretexto, o ágio cobrado pelos investidores pelas obrigações soberanas subiu ontem, voltando ao nível recorde (e crítico) de 6%, em uma semana carregada para o Tesouro. O governo precisa refinanciar hoje entre 2,5 bilhões e 3,5 bilhões de euros com validade de 12 a 18 meses, além de 3 bilhões a 4 bilhões de euros com prazo de dez anos na quinta. Ontem, o Tesouro italiano conseguiu refinanciar 3 bilhões de euros no mercado de obrigações, mas pagando caro: 6,29% contra 5,32% cobrados por papéis similares em outubro , aproximando-se do patamar da sexta-feira (6,43%).
Novo governo
Ainda em negociações com as diferentes correntes políticas visando à formação de um governo de união nacional, o provável futuro primeiro-ministro, Mario Monti, demonstrou preocupação com a conjuntura, evocou a "urgência" de reformas no país e pediu um voto de confiança aos mercados. "O país deve se tornar um dos pontos fortes, e não um dos pontos fracos da União Europeia, bloco do qual fomos um dos fundadores", lembrou. Em seu discurso, Monti prometeu "sanear a situação financeira e recuperar o caminho do crescimento".
A dificuldade de Monti é montar um gabinete de união nacional, como defende o presidente da Itália, Giorgio Napolitano. Ontem, as negociações seguiam intensas em Roma para a montagem do governo, que em tese terá membros da Liga Norte (extrema direita) e do Partido Democrático (PD, centro-esquerda), além do Povo da Liberdade (PdL, centro-direita), o maior partido da base de sustentação do governo.
A Comissão Europeia afirmou ontem que a Itália respondeu a tempo e de maneira completa as dúvidas de Bruxelas sobre as reformas econômicas que deve tomar para sair da crise, já anunciadas pelo ex-premiê Silvio Berlusconi em outubro. "Estamos examinando essas respostas, que chegaram a tempo e foram muito completas, requerendo agora muito trabalho da Comissão Europeia", disse o porta-voz Amadeu Altafaj.
O Executivo europeu prepara agora uma avaliação profunda sobre as medidas para que o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, apresente um primeiro parecer sobre o assunto ao Eurogrupo ainda neste mês. Altafaj disse ainda que, desde a semana passada, enviados da Comissão, com especialistas do Banco Central Europeu (BCE), examinam as medidas que a Itália pretende tomar.
Desaceleração mundial incluirá Brasil, diz OCDE
Agência Estado
A desaceleração nas maiores economias do mundo deve continuar, com a atividade caindo abaixo de sua tendência de longo prazo em vários países, entre eles o Brasil, segundo a Organização para a Cooperação e do Desenvolvimento Econômico (OCDE). A organização, com sede em Paris, informou que o indicador antecedente da atividade econômica em seus 34 membros caiu para 100,4 em setembro, de 100,9 em agosto.
E, num sinal de que o crescimento deve continuar desacelerando, a OCDE disse que a taxa pela qual novos negócios são lançados caiu em 2011, depois de subir em 2010. Foi o sétimo mês consecutivo de declínio no índice, sugerindo que a desaceleração no crescimento entre as economias desenvolvidas desde o terceiro trimestre do ano passado vai prosseguir.
O indicador antecedente de Japão, Rússia e EUA caiu em agosto, mas continuou acima do nível 100,0, indicando que a atividade está em sua tendência de longo prazo. Para estas três economias, a OCDE disse que os indicadores "apontam para desaceleração no crescimento rumo às tendências de longo prazo". No entanto, os indicadores para Brasil, Canadá, França, Itália, China, Índia e zona do euro caíram abaixo de 100,0, com o indicador para a Alemanha recuando a 99,1, de 100,4. A OCDE disse que, para este segundo grupo, os indicadores "apontam para atividade econômica caindo abaixo da tendência de longo prazo".
No mês passado, a OCDE alertou que as economias desenvolvidas devem apresentar dois anos de crescimento fraco e desemprego elevado, e que a perspectiva deve piorar a menos que a zona do euro supere sua crise da dívida soberana. Os indicadores antecedentes da OCDE são destinados a dar sinais antecipados de pontos de virada entre expansão e desaceleração da economia e são baseados numa série de dados que têm um histórico de assinalar mudanças das atividades.
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