O mercado brasileiro de consumo mais do que dobrará em valores absolutos de 2007 a 2030, de acordo com estudo divulgado hoje pela Ernest & Young em parceira com a área de projetos da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Projetos). No período, o total de vendas passará de R$ 1,41 trilhão no ano passado para R$ 3,30 trilhões em 2030. "Em razão do crescimento econômico e da mobilidade social, as taxas de crescimento do consumo serão maiores nas classes de maior poder aquisitivo, justamente as com maior expansão nos próximos 23 anos", afirmou o professor da FGV Fernando Garcia. "As alterações no perfil da sociedade brasileira serão profundas. O Brasil verá o estreitamento da pirâmide social, com o crescimento das classes de renda intermediárias", ressaltou.

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De acordo com ele, a participação das despesas de consumo das famílias com mais de R$ 8 mil de renda mensal no total do consumo passará de 22,4% no ano passado para 37,2% em 2030. Já a participação das famílias com renda mensal até R$ 2 mil no volume total diminuirá 15 pontos porcentuais nos próximos anos em virtude da migração para as classes de renda mais elevada. "O comércio, portanto, tende a se especializar, e pequenas lojinhas de material de construção e bares nas favelas serão em menor quantidade, porque a favela tende a desaparecer", previu Garcia.

Segundo ele, esse tipo de desenvolvimento social com conseqüências econômicas já foi visto no passado em outros países que estão hoje em diferente estágio de desenvolvimento na comparação como o Brasil.

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De acordo com as expectativas contidas no levantamento, uma nova parcela de mercado consumidor no montante de R$ 1,893 trilhão surgirá até 2030. Esse valor se somará à atual quantia de R$ 1,41 trilhão. Além de uma nova composição social, os elaboradores do trabalho prevêem um novo perfil demográfico no país em 2030 na comparação com as características verificadas no ano passado.

Em 2007, mais da metade da população brasileira tinha menos de 25 anos, e a perspectiva é de que daqui a 22 anos o número de pessoas com idade entre 30 e 55 anos dominará a população. "Dessa forma, o mercado para imóveis, automóveis e saúde tende a crescer num ritmo mais acelerado do que outros setores", previu. Ele citou como exemplo o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, que nos anos 70 foi um reduto boêmio mas que hoje substituiu muito de seus bares por farmácias e pet shops em decorrência do envelhecimento da população que habita a região.

A expectativa de envelhecimento da população até 2030 leva em conta que o crescimento demográfico, que girava em torno de 3% de 1950 a 1970 e caiu para uma faixa próxima a 1,5% nos anos 90 e 2000, deva diminuir ainda mais em 2030, para 0,7% ao ano.

No mapa de oportunidades de consumo desenhado pelas instituições, a região Sudeste seguirá como destaque, já que sua participação no total de consumo por região do Brasil ficará praticamente estável, passando de 53,3% em 2007 para 52,5% em 2030. O potencial de consumo na região subirá 3,7% ao ano no período, passando de R$ 751 bilhões em 2007 para R$ 1,734 trilhão em 2030.

A participação do Nordeste no total, de 16,4% verificada em 2007, será substituída pela taxa de 17,5% em 2030, com os pesquisadores aguardando um crescimento de 4% ao ano no período (R$ 232 bilhões em 2007 para R$ 577 bilhões em 2030). A participação do Sul cederá de 16,4% para 15,4%. Mesmo assim, a região deve crescer 3,5% ao ano, com o potencial de consumo passando de R$ 232 bilhões para R$ 507 bilhões.

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Já a região Centro-Oeste deverá registrar estabilidade em sua participação total do consumo do País no período, passando de 8,1% para 8,2% com o potencial de consumo subindo de R$ 114 bilhões em 2007 para R$ 270 bilhões em 2030, um avanço esperado de 3,8% ao ano. Apesar de ser a lanterninha no total de participação, a fatia equivalente à região Norte deverá subir de 5,8% no ano, passado para 6,5% em 2030. Esse aumento da participação leva em conta o crescimento do consumo de 4,3% ao ano, que faria a soma de R$ 82 bilhões verificados no ano passado ampliar-se para R$ 216 bilhões em 2030.